terça-feira, 3 de março de 2020

A Catalunha retoma a sua luta autonómica

No passado sábado reuniram na cidade francesa de Perpignan, a cerca de trinta quilómetros da fronteira espanhola, cerca de cem mil independentistas catalães que ali se deslocaram para apoiar o Conselho pela República da Catalunha, uma organização criada por Carles Puigdemont para internacionalizar o independentismo catalão e para manter viva a resolução do Parlamento Catalão que no dia 27 de Outubro de 2017 declarou a independência da Catalunha. O encontro teve larga cobertura da imprensa catalã, embora alguns jornais se tivessem a ele referido como o picnic a Perpignan.
O independentismo é transversal à sociedade catalã e é representado sobretudo por três forças políticas: o Junts per Catalunya (JuntsxC) uma coligação de centro direita formada em 2017 que é dirigida a partir de Bruxelas por Carles Puigdemont, a Esquerra Republicana de Catalunya (ERC), um partido de centro-esquerda criado em 1931 e que é liderado por Oriol Junqueras que actualmente está na prisão, e a Candidatura de Unidade Popular (CUP) que se afirma de esquerda. Estas três formações têm, respectivamente, 34, 32 e 4 deputados no Parlamento Catalão, o que representa 51,8% do total de 135 deputados catalães.
Recentemente a ERC fez um acordo com o PSOE de Pedro Sanchez que permitiu que o governo espanhol fosse investido, mas não se conhecem as contrapartidas desse acordo. O que é público é que houve diálogo e negociação, o que não acontecia no tempo de Mariano Rajoy, o que é positivo para a democracia espanhola. Entretanto, Carles Puigdemont que foi muito ovacionado em Perpignan, parece passar por uma renovada fase de radicalismo e veio desvalorizar esse acordo e apelar à “luta definitiva”. Significa, portanto, que há um novo tipo de luta na Catalunha, que não é só contra Madrid e pela independência, mas que é também pela hegemonia do independentismo, ou por Puigdemont ou Junqueras. Quem não deve saber para onde se virar é Quim Torra, o independente indicado por Puigdemont que tem gerido a Generalitat de Catalunya.