No passado sábado
reuniram na cidade francesa de Perpignan, a cerca de trinta quilómetros da
fronteira espanhola, cerca de cem mil independentistas catalães que ali se
deslocaram para apoiar o Conselho pela
República da Catalunha, uma organização criada por Carles Puigdemont para
internacionalizar o independentismo catalão e para manter viva a resolução do
Parlamento Catalão que no dia 27 de Outubro de 2017 declarou a independência da
Catalunha. O encontro teve larga cobertura da imprensa catalã, embora alguns
jornais se tivessem a ele referido como o picnic
a Perpignan.
O independentismo
é transversal à sociedade catalã e é representado sobretudo por três forças
políticas: o Junts per Catalunya (JuntsxC) uma coligação de centro direita
formada em 2017 que é dirigida a partir de Bruxelas por Carles Puigdemont, a Esquerra Republicana de Catalunya (ERC), um partido de centro-esquerda criado
em 1931 e que é liderado por Oriol Junqueras que actualmente está na prisão, e
a Candidatura de Unidade Popular (CUP) que se afirma de esquerda. Estas
três formações têm, respectivamente, 34, 32 e 4 deputados no Parlamento Catalão,
o que representa 51,8% do total de 135 deputados catalães.
Recentemente a
ERC fez um acordo com o PSOE de Pedro Sanchez que permitiu que o governo
espanhol fosse investido, mas não se conhecem as contrapartidas desse acordo. O
que é público é que houve diálogo e negociação, o que não acontecia no tempo de
Mariano Rajoy, o que é positivo para a democracia espanhola. Entretanto, Carles
Puigdemont que foi muito ovacionado em Perpignan, parece passar por uma
renovada fase de radicalismo e veio desvalorizar esse acordo e apelar à “luta
definitiva”. Significa, portanto, que há um novo tipo de luta na Catalunha, que
não é só contra Madrid e pela independência, mas que é também pela hegemonia do
independentismo, ou por Puigdemont ou Junqueras. Quem não deve saber para onde
se virar é Quim Torra, o independente indicado por Puigdemont que tem gerido a Generalitat de Catalunya.
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