quinta-feira, 31 de março de 2022

A guerra e a destabilização da economia

Os jornais espanhóis anunciam hoje que a inflação no país atingiu 9.8%, que é o valor mais alto desde 1985, enquanto foi anunciado que a inflação na Bélgica se situa nos 8.31% e na Alemanha nos 7.3%. Estes valores da inflação não se verificavam desde há cerca de quarenta anos e estão a alarmar as economias, os consumidores e as empresas europeias. No mês passado a taxa de inflação na Zona Euro já tinha acelerado para 5.8%, o que é um máximo histórico e um aviso do que poderá acontecer nos próximos tempos. A estabilidade dos preços, tal como o modelo social e outras conquistas civilizacionais que têm beneficiado os europeus e que nos acompanhavam desde há muitos anos, poderão estar em causa devido à actual aceleração da inflação.
De uma forma simples, a inflação define-se como a subida dos preços. O preço é o ponto de encontro entre a oferta e a procura: quando a oferta aumenta o preço baixa, mas quando a oferta baixa o preço sobe. É o que está a acontecer agora: há menos produção e há menos oferta, pelo que os preços aumentam.
O mundo tornou-se global, interdependente e muito competitivo, tal como os sistemas produtivos que procuram economias de escala e custos de produção mais baixos. As matérias-primas, os componentes, a energia ou as patentes de que as empresas carecem, chegam-lhe de muito diferentes origens. Quando acontece uma guerra como aquela que está a devassar o território ucraniano, há rupturas na logística, quebras na produção, o quadro económico destabiliza e alteram-se as expectativas das empresas e dos consumidores. A diminuição da produção gera a diminuição da oferta de bens e serviços e os preços sobem, arrastados sobretudo pelos custos da energia e da alimentação.
Por agora, é uma incógnita prever até onde poderá ir esta destabilização da economia e a forma mais ou menos severa como afectará Portugal.