Os jornais
espanhóis anunciam hoje que a inflação no país atingiu 9.8%, que é o valor mais
alto desde 1985, enquanto foi anunciado que a inflação na Bélgica se situa nos
8.31% e na Alemanha nos 7.3%. Estes valores da inflação não se verificavam
desde há cerca de quarenta anos e estão a alarmar as economias, os consumidores
e as empresas europeias. No mês passado a taxa de inflação na Zona Euro já
tinha acelerado para 5.8%, o que é um máximo histórico e um aviso do que poderá
acontecer nos próximos tempos. A estabilidade dos preços, tal como o modelo
social e outras conquistas civilizacionais que têm beneficiado os europeus e
que nos acompanhavam desde há muitos anos, poderão estar em causa devido à actual aceleração da inflação.
De uma forma
simples, a inflação define-se como a subida dos preços. O preço é o ponto de
encontro entre a oferta e a procura: quando a oferta aumenta o preço baixa, mas
quando a oferta baixa o preço sobe. É o que está a acontecer agora: há menos
produção e há menos oferta, pelo que os preços aumentam.
O mundo tornou-se
global, interdependente e muito competitivo, tal como os sistemas produtivos
que procuram economias de escala e custos de produção mais baixos. As
matérias-primas, os componentes, a energia ou as patentes de que as empresas
carecem, chegam-lhe de muito diferentes origens. Quando acontece uma guerra
como aquela que está a devassar o território ucraniano, há rupturas na
logística, quebras na produção, o quadro económico destabiliza e alteram-se as
expectativas das empresas e dos consumidores. A diminuição da produção gera a
diminuição da oferta de bens e serviços e os preços sobem, arrastados sobretudo
pelos custos da energia e da alimentação.
Por agora, é uma
incógnita prever até onde poderá ir esta destabilização da economia e a forma mais ou menos severa como afectará Portugal.