No cenário de
muita propaganda e muita desinformação que tem rodeado o conflito na Ucrânia,
são regularmente divulgadas as mais desencontradas informações quanto ao número
de baixas de ambos os lados. Há quatro dias, um jornal de Barcelona destacava
em título de primeira página, que “Rusia sufre 1.500 muertos y heridos diarios
en Ucrania”, enquanto outras notícias indicam algumas centenas de milhares de
baixas de ambos os lados.
Por tudo isto,
sejam russos ou ucranianos, ou mesmo de outras nacionalidades, é necessário
acabar com esta mortandade muito trágica e com esta permanente ameaça à paz na
Europa e no mundo. Embora com controversos objectivos pessoais, o facto é que
Donald Trump já conseguiu qualquer coisa que os europeus não conseguiram, pois fez
uma proposta de cessar-fogo por 30 dias, que é um passo em frente muito
positivo no sentido do fim das hostilidades e que, até agora, não foi rejeitado
pelas partes. É um sinal de esperança, muito ténue como hoje sugere o jornal Libération,
mas tem que se começar por qualquer lado.
A situação é muito complexa porque as partes se extremaram. Existe
uma resolução das Nações Unidas que exige a retirada das tropas russas da Ucrânia,
há a ocupação ilegal da Crimeia desde 2014 e há cerca de 20% do território ucraniano
que está ocupado pelos russos, que se sentem ameaçados se a Ucrânia for
admitida na NATO. Por outro lado,
apesar da ideia que tem sido posta a circular sobre a necessidade do rearmamento
da Europa, sem que os europeus até agora se tenham pronunciado sobre isso, o
apoio militar à Ucrânia tende a diminuir apesar das declarações em contrário.
Ao fim de mil
dias de guerra, enganaram-se aqueles que pensaram que haveria um vencedor no
terreno, embora alguns deles – de ambos os lados – continuem a insistir nessa
tese, talvez impulsionados pela indústria do armamento. Donald Trump tem
procurado a paz, enquanto a Europa está cada vez mais insignificante. O que se deseja é que o
cessar-fogo seja aceite, que comecem as negociações e que se possa caminhar para a
paz.