sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

R.I.P. Ravi Shankar

Com 92 anos de idade faleceu Ravi Shankar, o mais famoso músico indiano e um verdadeiro ícone da música tradicional indiana e do seu instrumento mais importante – a cítara. Era a maior referência musical indiana e, em qualquer concerto realizado em qualquer cidade indiana, nunca os músicos deixavam de o evocar e de o homenagear como o seu mestre. Era o virtuoso.  Começou a viajar desde muito cedo para a Europa e para os Estados Unidos, assimilando a influência da música ocidental, mas nunca deixando de divulgar também a música hindu. Porém, foi a amizade e a colaboração com o guitarrista George Harrison, que lhe deu grande notoriedade e o tornou conhecido mundialmente.
Ravi Shankar, não foi apenas o mestre indiano da cítara, mas exerceu também grande influência sobre alguns músicos ocidentais, desde os Beatles aos Rolling Stones. Tem duas filhas famosas – a cantora de jazz Norah Jones e a citarista Anoushka Shankar, aparentemente a sua sucessora e que ainda há pouco tempo se apresentou na Fundação Gulbenkian. A organização dos prémios Grammy decidiu atribuir-lhe um prémio pela sua carreira e por tudo o que conseguiu atingir durante a sua vida, o qual lhe será entregue a título póstumo em Fevereiro de 2013. Para quem assistiu a concertos de música indiana em diferentes locais da Índia e gosta do som da cítara, mesmo que nunca tivesse ouvido Ravi Shankar ao vivo, não pode ficar indiferente a um homem que se tornou um ícone da cultura indiana. Todos os jornais indianos lhe prestaram alargadas homenagens, como aconteceu com o The Telegraph de Calcutá.

Os nossos hábitos de consumo

Foi ontem apresentada a iniciativa "Portugal Sou Eu", cujo objectivo é a promoção do consumo de produtos portugueses ou produtos com elevada incorporação nacional, de forma a estimular a produção nacional e, consequentemente, o emprego. É muito louvável que seja estimulado o consumo de produtos nacionais.
A iniciativa ou campanha visa corrigir algumas importantes distorções do nosso mercado interno, designadamente as preferências dos consumidores por produtos importados, muitas vezes com preço mais elevado e sem melhor qualidade do que o produto nacional, o que conduz à desvalorização da produção nacional e, consequentemente, à atrofia do nosso tecido empresarial e ao desemprego, sendo uma das causas do nosso desequilíbrio externo. Esta anomalia acentuou-se depois da entrada portuguesa no mercado comum europeu e com a maior circulação e diversidade de bens e serviços oferecidos. Comprar estrangeiro entrou nos nossos hábitos de consumo e tornou-se moda.
Em 2006 a AEP - Associação Empresarial de Portugal tinha lançado a campanha "Compro o que é nosso", com o mesmo objectivo, contando com mil empresas e cerca de 2.500 marcas aderentes, enquanto o novo programa pretende ter 3 mil produtos certificados até ao próximo ano. Daí surge a dúvida: para quê o “Portugal Sou Eu” se já tínhamos o “Compre o que é nosso”? Se havia melhorias a fazer que se fizessem. Não se podem mudar as coisas todos os dias. Assim fica-se com a impressão de que é um caso apenas para mostrar obra ou apenas um caso de “cada vez mais do mesmo”. Talvez fosse preferível, em alternativa, promover uma campanha publicitária para esclarecer e para alterar os hábitos dos consumidores e para garantir que o Estado, que teve esta iniciativa, desse bons exemplos aos cidadãos, optando por viajar na TAP e evitando os carros topo de gama alemães.