Foi ontem apresentada a iniciativa "Portugal Sou Eu", cujo objectivo é a promoção do consumo de produtos portugueses ou produtos com elevada incorporação nacional, de forma a estimular a produção nacional e, consequentemente, o emprego. É muito louvável que seja estimulado o consumo de produtos nacionais.
A iniciativa ou campanha visa corrigir algumas importantes distorções do nosso mercado interno, designadamente as preferências dos consumidores por produtos importados, muitas vezes com preço mais elevado e sem melhor qualidade do que o produto nacional, o que conduz à desvalorização da produção nacional e, consequentemente, à atrofia do nosso tecido empresarial e ao desemprego, sendo uma das causas do nosso desequilíbrio externo. Esta anomalia acentuou-se depois da entrada portuguesa no mercado comum europeu e com a maior circulação e diversidade de bens e serviços oferecidos. Comprar estrangeiro entrou nos nossos hábitos de consumo e tornou-se moda.
Em 2006 a AEP - Associação Empresarial de Portugal tinha lançado a campanha "Compro o que é nosso", com o mesmo objectivo, contando com mil empresas e cerca de 2.500 marcas aderentes, enquanto o novo programa pretende ter 3 mil produtos certificados até ao próximo ano. Daí surge a dúvida: para quê o “Portugal Sou Eu” se já tínhamos o “Compre o que é nosso”? Se havia melhorias a fazer que se fizessem. Não se podem mudar as coisas todos os dias. Assim fica-se com a impressão de que é um caso apenas para mostrar obra ou apenas um caso de “cada vez mais do mesmo”. Talvez fosse preferível, em alternativa, promover uma campanha publicitária para esclarecer e para alterar os hábitos dos consumidores e para garantir que o Estado, que teve esta iniciativa, desse bons exemplos aos cidadãos, optando por viajar na TAP e evitando os carros topo de gama alemães.
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