quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Ucrânia e as propostas de Lula da Silva

As notícias relativas à invasão russa da Ucrânia continuam a encher os noticiários internacionais, sobretudo a respeito do que se espera possa acontecer na primavera que se aproxima. As duas partes afirmam querer vencer a guerra, mas enquanto uns dizem que a Rússia está a preparar a “escalada máxima”, outros insistem que a Ucrânia está em vias de iniciar a contra-ofensiva. 
Muito acertadamente, a maioria silenciosa acha que ninguém sairá vencedor desta guerra e que todos iremos perder. Depois das discussões relativas ao fornecimento de modernos carros de combate à Ucrânia, em que se viu muita hesitação ou prudência ocidental, os ucranianos pedem agora aviões de combate, o que significaria uma maior escalada da guerra, pelo que mereceu uma imediata resposta negativa dos Estados Unidos e da Alemanha. Porém, apesar de ainda ser ouvida a voz dos belicistas, começam a surgir sinais de que é preciso acabar com a guerra, pois todos estão cansados, a catástrofe humanitária já é demasiado grande e a destruição patrimonial é enorme.
Foi neste quadro que o chanceler Olaf Scholz esteve no Brasil, tornando-se no primeiro líder mundial a visitar o presidente Lula da Silva em Brasília. Na conferência de imprensa conjunta, Lula da Silva defendeu “a criação de um grupo de países que se envolva numa mediação para pôr fim à guerra na Ucrânia” e possa “sentar com os dois lados”. Defendeu a criação de um organismo semelhante ao G20, que foi criado quando da crise económica de 2008, prometendo levar esta ideia a Joe Biden em Fevereiro e a Xi Jinping em Março, nas visitas que brevemente fará aos Estados Unidos e à China. Pode ser que a voz de Lula da Silva seja ouvida.
O que é lamentável é que o jornal Público tivesse escolhido como manchete da sua edição de hoje o belicismo e os aviões F-16, ignorando por completo a proposta de paz do presidente brasileiro.