quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

As perdas da Marinha russa no mar Negro

A guerra na Ucrânia tem continuado a mostrar que está a ser uma tragédia para a população ucraniana e para as tropas de ambos os lados, enquanto os cofres de muita gente alinhada com Zelensky parece estarem a ficar vazios. Os que podiam ter procurado a paz através do reforço dos acordos de Minsk de 2014 e 2015 e de ter procurado pôr fim à guerra civil entre os nacionalistas ucranianos e os rebeldes pró-russos no Leste da Ucrânia, preferiram fazer a guerra e alimentar as indústrias do armamento. E tem sido assim, sobretudo a partir do dia em que o conflito se agravou com a tentativa russa de ocupar Kiev.
Apesar de todos os dias termos inúmeros comentadores televisivos que não conseguem ser independentes e que só nos falam de guerra, como se a paz fosse uma impossibilidade, o facto é que o cidadão comum não sabe o que se passa no terreno, nem se há esforços para conseguir um cessar-fogo e para negociar uma solução para o conflito. Porém, de vez em quando, chegam-nos notícias veiculadas pela imprensa internacional que mostram a realidade da guerra, nomeadamente contra a Marinha russa estacionada no mar Negro, que em Março de 2022 perdeu o navio-transporte Saratov no porto de Berdiansk e em Abril de 2022 perdeu o seu navio-chefe, o moderno cruzador Moskva.
Agora foi anunciado, nomeadamente pelo jornal basco El Correo, que um ataque ucraniano com mísseis atingiu o navio-transporte Novocherkassk, atracado no porto de Feodosia, na costa oriental da Crimeia, que segundo os ucranianos foi afundado, mas que os russos dizem ter sido apenas atingido. É a guerra da propaganda, mas neste caso significa que a guerra está muito activa e que os mísseis ucranianos estão a fazer muitos estragos à Marinha russa.

R.I.P. Jacques Delors

Jacques Delors, um cidadão francês e militante do Partido Socialista que foi presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995, faleceu ontem em Paris com 98 anos de idade e parece haver unanimidade quanto aos seus excepcionais méritos, pois nenhum dos seus sucessores – Jacques Santer, Romano Prodi, Durão Barroso, Jean-Claude Juncker e Ursula von der Leyen – alguma vez se mostraram à altura da “alma europeia de Delors” e da sua verdadeira dimensão europeista. Foi durante a sua presidência e sob a sua inspiração, que os governadores dos bancos centrais apresentaram o chamado Relatório Delors sobre os passos a dar para a realização da União Económica e Monetária, daí nascendo o novo Tratado da União Europeia ou Tratado de Maastricht que concretizou a nova arquitectura europeia e que, a partir de 1 de Janeiro de 1999, lançou o euro como a nova moeda única europeia.
Portugal tinha sido admitido na Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986 e Jacques Delors afirmou-se como um bom “amigo de Portugal”, que lhe retribuiu com condecorações e doutoramentos honoris causa pelo seu valor humano, mas também como expressões de gratidão pelos generosos fundos estruturais concedidos para a modernização da economia portuguesa.
O tempo de Jacques Delors foi, provavelmente, o ponto mais alto da materialização do ideal europeu desde o Tratado de Roma e é legítimo falar-se de um tempo pós-Delors, em que a Europa tem perdido progressivamente lideranças, protagonismos e ideais.
Homens idóneos e de espírito europeu como Jacques Delors fazem-nos falta nos tempos conturbados que atravessamos na Europa.