quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

R.I.P. Jacques Delors

Jacques Delors, um cidadão francês e militante do Partido Socialista que foi presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995, faleceu ontem em Paris com 98 anos de idade e parece haver unanimidade quanto aos seus excepcionais méritos, pois nenhum dos seus sucessores – Jacques Santer, Romano Prodi, Durão Barroso, Jean-Claude Juncker e Ursula von der Leyen – alguma vez se mostraram à altura da “alma europeia de Delors” e da sua verdadeira dimensão europeista. Foi durante a sua presidência e sob a sua inspiração, que os governadores dos bancos centrais apresentaram o chamado Relatório Delors sobre os passos a dar para a realização da União Económica e Monetária, daí nascendo o novo Tratado da União Europeia ou Tratado de Maastricht que concretizou a nova arquitectura europeia e que, a partir de 1 de Janeiro de 1999, lançou o euro como a nova moeda única europeia.
Portugal tinha sido admitido na Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986 e Jacques Delors afirmou-se como um bom “amigo de Portugal”, que lhe retribuiu com condecorações e doutoramentos honoris causa pelo seu valor humano, mas também como expressões de gratidão pelos generosos fundos estruturais concedidos para a modernização da economia portuguesa.
O tempo de Jacques Delors foi, provavelmente, o ponto mais alto da materialização do ideal europeu desde o Tratado de Roma e é legítimo falar-se de um tempo pós-Delors, em que a Europa tem perdido progressivamente lideranças, protagonismos e ideais.
Homens idóneos e de espírito europeu como Jacques Delors fazem-nos falta nos tempos conturbados que atravessamos na Europa.

Sem comentários:

Enviar um comentário