Jacques Delors,
um cidadão francês e militante do Partido Socialista que foi presidente da
Comissão Europeia entre 1985 e 1995, faleceu ontem em Paris com 98 anos de
idade e parece haver unanimidade quanto aos seus excepcionais méritos, pois
nenhum dos seus sucessores – Jacques Santer, Romano Prodi, Durão Barroso,
Jean-Claude Juncker e Ursula von der Leyen – alguma vez se mostraram à altura
da “alma europeia de Delors” e da sua verdadeira dimensão europeista. Foi
durante a sua presidência e sob a sua inspiração, que os governadores dos bancos centrais apresentaram
o chamado Relatório Delors sobre os passos a dar para a realização da União Económica e Monetária,
daí nascendo o novo Tratado da União Europeia ou Tratado de Maastricht que concretizou a nova arquitectura europeia e que, a
partir de 1 de Janeiro de 1999, lançou o euro como a nova moeda única europeia.
Portugal tinha
sido admitido na Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986 e Jacques Delors
afirmou-se como um bom “amigo de Portugal”, que lhe retribuiu com condecorações
e doutoramentos honoris causa pelo seu valor humano, mas também como expressões
de gratidão pelos generosos fundos estruturais concedidos para a modernização
da economia portuguesa.
O tempo de
Jacques Delors foi, provavelmente, o ponto mais alto da materialização do ideal
europeu desde o Tratado de Roma e é legítimo falar-se de um tempo pós-Delors,
em que a Europa tem perdido progressivamente lideranças, protagonismos e
ideais.
Homens idóneos e
de espírito europeu como Jacques Delors fazem-nos falta nos tempos conturbados
que atravessamos na Europa.
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