O jornal L’Osservatore
Romano é publicado diariamente no Vaticano e é propriedade da Santa Sé,
embora não seja a sua publicação oficial, nem seja “a voz do Papa”. As opiniões
veiculadas pelo jornal são livres e da responsabilidade de quem as assina, mas são
sempre interpretadas como sendo a voz da Igreja Católica.
Na sua última
edição o jornal publica a fotografia do Razoni,
que foi o primeiro navio mercante que saiu dos portos ucranianos do mar Negro
desde o início da guerra, após negociações bem sucedidas que foram mediadas
pela Turquia e pelas Nações Unidas. Antes já houvera alguns acordos para trocas
de prisioneiros, para o estabelecimento de corredores de segurança, para a evacuação
de populações e até para a rendição das forças do Batalhão Azov cercadas no
complexo siderúrgico Azovstal, em Mariupol.
Com base nos
resultados já havidos em algumas questões pontuais, é lícito pensar que é
possível dialogar e ir mais além na busca do cessar-fogo e da paz na Ucrânia,
embora seja evidente que há forças e interesses das duas partes que,
teimosamente, apostam na continuação da guerra para desgastar ou derrotar a
outra parte. A propaganda tem sido orientada para prolongar a guerra e não para procurar a paz, ao mesmo tempo que as indústrias do armamento enriquecem e os cofres
públicos de alguns países vão ficando mais vazios. A diplomacia e a negociação
podem fazer muito para que Zelensky e Putin cheguem a um acordo honroso e
possam libertar o povo ucraniano da violência da guerra e poupar os europeus
das suas consequências económicas, que se vão agravando com a crise energética e com outras.
O L’Osservatore
Romano diz que “dialogare è possibile” e, de facto, assim tem que ser, ou antes, deveria ter sido antes do dia 24 de Fevereiro de 2022.