quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Um cartoon inteligente ajuda a esclarecer

Democratic Funeral (In www.cartoonmovement.com)
A situação por que passa o Reino Unido em relação ao Brexit é realmente lastimável e perigosa. Já está quase tudo dito sobre o assunto e já ninguém consegue prever o que vai acontecer, nem como ou quando vai acontecer.
Hoje é sabido que o referendo promovido por David Cameron foi precipitado e que poucos sabiam no que estavam a votar, pelo que em função do inesperado resultado que deu a vitória ao leave, se demitiu.
Depois sucedeu-lhe Theresa May que tratou de conduzir negociações em Londres e em Bruxelas, para conseguir um acordo de saída da União Europeia, mas que não levaram a lado nenhum, pelo que também se demitiu.
Apareceu depois Boris Johnson, com o seu ar de adolescente extravagante e estarola, que incitado pelo radical Donald e apesar de não ter mais apoios do que tivera May, decidiu avançar e perdeu... mas sem se demitir. No sentido de ganhar tempo e com todo o aspecto de golpe, Boris Johnson decidiu neutralizar durante algumas semanas o Parlamento que o contrariou, pelo que precisou e teve o apoio institucional da Rainha. Porém, o Supremo Tribunal da Escócia veio acusar o Boris de “ter enganado a Rainha” e já considerou a decisão contrária à lei, pelo que deve ficar sem efeito. Estamos, portanto, em mais um dos muitos imbróglios em que o Brexit tem sido fértil.
Tudo isto tem um teor de gravidade tão grande que preocupa meio mundo, embora o outro meio mundo aproveite para caricaturar e ridicularizar esta situação. Foi o que fez  o cartoonista português Vasco Gargalo no seu trabalho “Democratic funeral”, com muita inteligência e perspicácia. Aqui lhe deixo as minhas felicitações. 

O independentismo catalão a arrefecer

Ontem celebrou-se a Diada Nacional de Catalunya ou Dia Nacional da Catalunha que é a festa nacional catalã e que, todos os anos, recorda a resistência popular ao cerco da cidade de Barcelona, que terminou no dia 11 de Setembro de 1714. Este episódio da resistência catalã ocorreu durante a Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1714), que envolveu diversas monarquias europeias em torno dos direitos de sucessão à coroa espanhola. Aquele episódio e aquela data tornaram-se o símbolo da Catalunha e a sua oposição ao centralismo de Madrid.
Durante a ditadura franquista a celebração da Diada esteve proibida, mas com a reinstalação da democracia, recomeçou a ser celebrada em 1977 e, em 1980, o Parlamento da Catalunha veio a proclamar o dia 11 de Setembro como o Dia Nacional da Catalunha.
Nos últimos anos a Diada tem constituído uma grande jornada de luta, ao concentrar os protestos contra o governo espanhol de Madrid e as reivindicações independentistas catalãs. Segundo os registos existentes, desde 2012 mais de um milhão de pessoas têm estado nas ruas de Barcelona no dia 11 de Setembro, tendo havido um pico de 1,8 milhões de manifestantes em 2014. Ontem foram 600 mil manifestantes que vieram para a rua e esse número foi o mais reduzido desde que se intensificou a reivindicação independentista, segundo hoje informa o El Periódico de Catalunya. Nem a aproximação da sentença judicial relativa ao procés e à declaração unilateral de independência feita no Parlamento da Catalunha em Outubro de 2017, conseguiram mobilizar o povo. Talvez que a dureza da sentença que se aproxima, possa servir para ressuscitar os catalães para o ideal independentista que, sendo legítimo, não é nada oportuno numa Europa em dificuldade.