A campanha eleitoral para a reeleição do
ex-comentador político e professor de Direito já começou há muito tempo, mas
neste Verão tem-se acelerado de tal forma que aqueles que, como eu, entendem
que temos tido um bom Presidente, que até fez esquecer o outro que veio de
Boliqueime, já estão fartos da verdadeira farsa em que se está a tornar a
campanha quotidiana do cidadão Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa, que tem
sido anunciada como as férias do
Senhor Presidente ou como uma ajuda à promoção do turismo interno. É uma
encenação cansativa vê-lo sempre rodeado de microfones a dar lições onde quer
que esteja e, naturalmente, imaginá-lo a ser vigiado por seguranças escondidos
e discretamente acompanhado por alguns dos seus assessores. Só um excesso de
vaidade pode justificar que um homem culto e inteligente tenha esta febre de
aparecer, de ser visto, de dar opiniões e de encher as televisões o dia
inteiro, com ou sem máscara, na praia ou na cidade, de manhã ou à tarde, dando
lições e opiniões sobre tudo. É um sufoco de marcelite e o que sufoca, também irrita.
Depois do convívio com os sem-abrigo e da
ajuda que deu nas cozinhas que preparam refeições para os pobres, eu pensava
que o ponto máximo do ridículo tinha sido atingido com as férias na ilha de Porto Santo. Porém, a cena de ontem na praia do
Alvor ultrapassou tudo o que se podia imaginar, não só com a ajuda que deu a
duas jovens banhistas como se fosse um salvamento, mas também com a espera
táctica que foi feita pela moto de água que estava no local para que o
espontâneo nadador-salvador pudesse intervir e ser filmado. O caso podia ter
ficado por aí, mas o herói do momento aproveitou a ocasional presença dos
microfones para explicar e dar lições oceanográficas a quem se estava a
divertir no mar, sem rejeitar o seu papel decisivo naquela corajosa
intervenção. Se uma cena destas fosse preparada não resultaria melhor. Se eu pudesse dar um conselho diria ao
cidadão Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa que sossegasse e que descansasse,
porque dessa forma terá mais votos quando chegarem as eleições. Não faria como
a TVI24 que quase lhe sugeriu que se candidatasse ao Instituto de Socorros a
Náufragos em vez de se recandidatar ao seu actual cargo.