Foi anunciado ontem que o governo de Theresa May aprovou o rascunho do acordo
sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, depois de muitos meses de
negociações entre Londres e Bruxelas.
Trata-se de um documento de 585 páginas que contempla inúmeras questões
como por exemplo a compensação financeira devida à saída britânica, os direitos
dos cidadãos europeus no Reino Unido e dos cidadãos britânicos na Europa dos
27, os protocolos sobre o estatuto de Gibraltar e sobre as bases militares
britânicas no Chipre, os procedimentos relativos à futura fronteira entre a
Irlanda do Norte britânica e a República da Irlanda e, naturalmente, a problemática das futuras relações económicas britânicas com a Europa. Porém, a aprovação do
governo de Theresa May não foi pacífica e onze dos seus membros terão estado
contra, com o ministro dos Transportes a demitir-se e a pedir que fosse
realizado um segundo referendo sobre o Brexit.
Significa que o caso ainda está para durar. O Conselho Europeu terá que
validar o acordo nos próximos dias e
depois tem a palavra o Parlamento Britânico, mas há muitas dúvidas quanto à
resposta que ele vai dar a este acordo, havendo muitas vozes da maioria que se
lhe opõem. De seguida, ainda o Conselho e o Parlamento Europeu terão que votar
a sua aprovação.
O jornal The Guardian diz hoje que no Reino Unido está tudo dividido,
isto é, o governo, o Partido Conservador e o próprio país, com a Escócia à
frente da contestação. O Brexit está, portanto, muito longe de estar resolvido.
Falta
convencer ministros, deputados e a opinião pública britânica, mas do lado
europeu e dos aliados do Reino Unido também parece haver insatisfação. Até há
quem venha afirmando que em vez de um acordo do Brexit, o que vai acontecer é a
realização de eleições num futuro próximo para decidir, por essa via e sem
segundo referendo, o que deverá ser feito.