quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Há juízes que vivem para os tablóides

Nos últimos dias, após a tomada de posse da nova Procuradora-Geral da República, o juiz Alexandre tem-se desdobrado a dar entrevistas à RTP e ao jornal i, que depois têm sido amplificadas em outros orgãos da comunicação social.
Não é habitual que os juízes portugueses se deixem envolver na tabloidização das suas funções, que são muito importantes numa sociedade democrática e num Estado de Direito, mas este juiz que veio de Mação, parece ser a excepção à regra. Gosta de ser entrevistado, de revelar a sua vida pessoal, de exibir as suas raízes identitárias e de dar palpites sobre os processos em que está envolvido. Para satisfação desse seu apetite, há sempre uns amigos para abonarem as suas boas qualidades e uns estagiários disponíveis para fazer o papel de entrevistadores.
E o que se passou nos últimos dias nem aconteceu pela primeira vez e isso é preocupante para os cidadãos que confiam na Justiça.
O comportamento de quem julga deve ser reservado, discreto, atento e imparcial, para que possa comprender o problema em questão e o seu enquadramento social, de forma a tomar a decisão justa de acordo com a Lei. Com estas entrevistas ao estilo tablóide, o juiz Alexandre revela demasiados pré-conceitos e muitos preconceitos. Com este tipo de exposição mediática, comparável aos futebolistas, às artistas de telenovela ou a algumas locutoras da televisão, o juiz Alexandre dá um enorme contributo para a describilização da Justiça.
É uma tristeza assistir a estas entrevistas promocionais, feitas de encomenda e sem qualquer interesse jornalístico, em que os entrevistados nada de substantivo dizem e se mostram deslumbrados por aparecer nos tablóides, com fotografia e tudo.

A nova ponte sobre o rio das Pérolas

Foi anunciado pelo jornal hoje macau que, nove anos depois do início da sua construção, a nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau vai ser oficialmente inaugurada na próxima terça-feira, dia 23 de Outubro. Apesar da distância a que nos encontramos, esta obra desperta a nossa curiosidade devido à forte ligação histórica de Portugal com esta região do sul da China, onde em 1557 foi criado o estabelecimento de Macau e onde aconteceu uma intensa actividade dos mercadores portugueses e, em especial, as peregrinações e as aventuras de Fernão Mendes Pinto neste delta do Rio das Pérolas, que uma enorme ponte agora atravessa.
A inauguração vai ser, certamente, uma grande festa à maneira chinesa. Trata-se de uma notável obra de engenharia cujo custo atingiu 16 mil milhões de euros para servir esta região do sul da China com cerca de 60 milhões de habitantes e que se espera venha a impulsionar a sua economia que já é responsável por 9,1% do PIB e por 26% das exportações chinesas.
A ponte tem 55 km de comprimento e é a maior travessia sobre do mar do mundo, unindo as duas margens do delta do Rio das Pérolas, sendo constituída por três pontes suspensas, um túnel submarino e duas ilhas artificiais. Vai ligar Hong Kong, Zhuhai e Macau, numa região em que também se localizam as cidades de Guangzhou e Shenzen, permitindo ligar aquelas três cidades em 45 minutos, algo que até agora demorava entre 60 a 70 minutos de ferry boat e entre três a quatro horas de automóvel.
Enquanto obra de grande dimensão e tal como sempre acontece, a nova ponte ou travessia teve atrasos na construção, sobrecustos, suscitou dúvidas quanto aos seus efeitos ambientais, teve a denúncia de casos de corrupção e foi afectada por alguns graves acidentes.