O antigo
primeiro-ministro britânico Tony Blair foi entrevistado pela CNN e, apesar
dessa entrevista ainda não ter ido para o ar, muitos jornais internacionais como o londrino Daily Mirror já
estão a revelar alguns dos seus conteúdos mais surpreendentes e mais escandalosos.
De facto, Tony Blair veio pedir desculpa pelo seu papel na guerra do Iraque,
argumentando que utilizou informação errada, que não foi previsto o caos que se
seguiria à queda de Sadam Hussein e que esse caos contribuiu para o
aparecimento e consolidação do Estado Islâmico. A decisão da
guerra contra o Iraque e Sadam Hussein foi tomada no dia 16 de Março de 2003,
quando George W. Bush, Tony Blair, José Maria Aznar e Durão Barroso se reuniram
numa cimeira na Base das Lajes da qual resultou, quatro dias depois, o início
da intervenção militar que
conduziu à sua ocupação do Iraque e ao derrube do regime de Saddam Hussein, que
viria a ser capturado, julgado e condenado à morte por enforcamento por um
tribunal iraquiano.
Nesse dia, George W. Bush disse que “ou o Iraque se desarma ou é
desarmado pela força", com base numa informação nunca provada de que o
Iraque dispunha de armas de destruição maciça, nomeadamente químicas. Foi uma
teimosia e uma obcessão americana a que aderiu com muitos sorrisos e aplausos o
primeiro-ministro português Durão Barroso que, como prémio da sua indignidade e subserviência,
chegou rapidamente a presidente da Comissão Europeia, onde aliás enriqueceu mas fez uma triste figura.
Na sua entrevista, Tony Blair declara-se preparado para “enfrentar o
juizo da História” e destaca que outras intervenções internacionais posteriores
também não deram resultados, referindo não só a intervenção com tropas no
Iraque, mas também a intervenção sem tropas na Líbia e a não intervenção militar
directa mas com um forte apoio à mudança de regime na Síria, concluindo que “se
a nossa política não funcionou, as que se seguiram não foram melhores”.
Dez anos depois, Tony Blair pede perdão e reconhece os erros, mas o calculista Barroso
guarda o silêncio e continua sem perceber o quanto nos envergonhou. Há dias, a televisão mostrou-o no congresso do PPE, a rir à gargalhada. Que tristeza!