O país que viu nascer Jorge Mário
Bergoglio - o 266º Papa da Igreja Católica, chefe de Estado do Estado do
Vaticano e também chefe da Igreja Católica - mas que também foi berço de Jorge
Luís Borges, Ernesto "Che" Guevara, Eva Péron, Juan Manuel Fangio, Diego Maradona
e Lionel Messi, escolheu ontem um novo presidente da República Argentina. Da
disputa eleitoral resultou a vitória de Javier Milei, um deputado de 53 anos de
idade que derrotou Sergio Massa, o actual ministro da Economia. Toda a imprensa
argentina destacou a eleição de Javier Milei, embora tome posições que oscilam
entre o entusiasmo e a preocupação.
A Argentina atravessa uma enorme
crise económica e social, com aumento do desemprego e da pobreza, para além de
estar com uma inflação da ordem dos 150%. Nessas condições, o eleitorado não
resistiu ao discurso radical e populista deste candidato ultraliberal da
extrema-direita. No seu discurso de vitória afirmou que “hoje começa o fim da
decadência da Argentina”, renovando as promessas de um tratamento de choque
para a economia e de uma nova vida de prosperidade para os argentinos e, à
maneira de Donald Trump, garantiu que vai tornar a Argentina “grande outra
vez”. Os seus planos incluem medidas radicais como o encerramento do banco central,
o abandono do peso argentino como moeda nacional e a redução drástica dos
gastos públicos, o que representa uma dolorosa revolução e um castigo para o
eleitorado que o elegeu. As reformas prometidas para combater o marasmo
económico argentino vão ser muito duras, bem como a necessárias medidas de
austeridade para travar a inflação, pelo que há quem preveja uma forte reacção sindical e muita contestação popular e, outros, prognosticam que o presidente Milei sairá rapidamente de cena e pela porta pequena.
Os tempos não vão ser
fáceis para os 45 milhões de argentinos.