segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

As tensões separatistas no sul da Europa

O conceito de “Europa das pátrias” tem subjacente a ideia de uma confederação de Estados que, embora unidos por diversos interesses comuns, não renunciam aos seus direitos de soberania nacional, nem às suas especificidades culturais, nem à sua história.
Embora defendendo uma Europa forte e unida, o general De Gaulle foi, porventura, um dos grandes defensores da “Europa das Pátrias” ao rejeitar uma integração europeia centralista e dominada pelos interesses instalados em Bruxelas. Porém, os tempos não evoluíram no sentido defendido pelo general francês e hoje é cada vez mais evidente que não há lugar à lógica de “cada país um voto”, pois alguns países constituem um verdadeiro directório para a governação da União Europeia e daí que, muitas vezes, se fale na “ditadura de Bruxelas”.
Porém, numa lógica diversa daquela que hoje domina a Europa, existem muitas tensões separatistas por todo o continente, resultantes de um processo histórico muito complexo que gerou inúmeras culturas, línguas, religiões e mentalidades, isto é, muitas pátrias.
Ontem o jornal Berria, que se publica no município de Andoin, na província basca de Guipuzcoa, escolheu como tema de fundo da sua edição os movimentos separatistas da Catalunha, em relação à Espanha, e da Córsega, em relação a França. Apresentando as suas lutas como se estivessem a ser disputadas numa mesa de ping-pong, o jornal lembra que tanto os movimentos independentistas catalães como a Frente de Libertação Nacional Corsa, são os protagonistas de um processo histórico e identitário que embora pareça estar adormecido, conserva bem viva uma tensão latente.