domingo, 21 de agosto de 2011

A luta contra a corrupção na Índia

A dimensão demográfica e cultural da Índia é enorme, como são enormes as suas grandezas e as suas misérias. A sociedade é muito segmentada por castas, religiões, línguas e etnias, mas no seu seio há factores de convergência, muitas vezes utilizados por activistas sociais movidos por causas, que buscam inspiração no exemplo de Mohandas Gandhi.
Nos últimos tempos tem-se destacado Anna Hazare, um motorista aposentado do Exército que, aos 73 anos de idade, se tornou a face da luta contra a corrupção e é considerado o inspirador da primeira e mais importante rede social da Índia. Oriundo do Estado de Maharashtra, tem conduzido algumas lutas sociais com sucesso e tem feito algumas greves de fome para forçar o governo central a adoptar novas leis anti-corrupção. Esta semana, ao sair da prisão em Nova Delhi e antes de iniciar mais uma greve de fome, transformou-se no símbolo da ira nacional contra a corrupção, tendo mobilizado milhares de apoiantes, sobretudo da classe média, que marcharam em seu apoio em muitas cidades indianas. Disse então que “estava apenas a dar continuidade a luta de libertação do líder que conduziu à independência em 1947” e acrescentou: "Este é o começo de uma revolução. Não permita que esta chama desapareça até que tenhamos atingido o nosso objectivo”.
O Diário de Notícias chamou à sua primeira página o activista Anna Hazare e à sua luta chamou “o método Gandhi contra a corrupção”. A Transparency International, uma organização que luta contra a corrupção, enquanto causadora da pobreza e da injustiça que afectam milhões de pessoas, publica anualmente o Corruption Perceptions Index, tendo em 2010, classificado Portugal em 32º lugar e a Índia na 87º posição, num universo de 178 países. Significa que aqui o problema tem uma dimensão muito menos grave do que na Índia, mas o exemplo indiano talvez nos devesse inspirar para usar o nosso direito à indignação. Mas, vamos preferindo ficar em casa, de pantufas e a ver televisão.

Futebol: uma final falada em português

Terminou esta madrugada em Bogotá, o Campeonato do Mundo de Futebol para jogadores com menos de 20 anos de idade (U-20 World Cup), para o qual foram apuradas 24 selecções nacionais, incluindo seis selecções europeias – Austria, Croácia, Espanha, França, Inglaterra e Portugal.
Durante o campeonato, a equipa portuguesa ultrapassou as selecções do Uruguai, Camarões, Nova Zelândia, Guatemala, Argentina e França, tendo chegado à final em que defrontou o Brasil.
Após um jogo equilibrado e um prolongamento, a equipa portuguesa perdeu por 3-2, mas embora seja justa a vitória brasileira, tem que se destacar que Portugal também esteve muito próximo do triunfo. Por isso, numa final falada em português, glória aos vencedores, honra aos vencidos!
Recentemente, em algumas modalidades como o andebol, basquetebol, voleibol, remo, judo e atletismo, as equipas ou atletas portugueses conseguiram classificações muito destacadas no plano internacional, significando que as nossas aptidões e performances no desporto, são bem melhores que as da economia ou da política.
Da mesma forma, também a recente organização das primeiras regatas da America’s Cup em Cascais, foi um bom contributo para melhorar a imagem de Portugal no mundo.
Nos últimos meses, por razões financeiras e outras, Portugal tem sido descredibilizado internacionalmente, nem sempre por razões justas. Por isso, o fenómeno socio-cultural e mediático que é o desporto, está a cumprir o seu papel de divulgar uma imagem bem mais positiva do nosso país.