quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

O negócio da droga e os narcosubmarinos

A Marinha de Guerra do Perú capturou no passado sábado, pela primeira vez na sua história, um narcosubmarino com cerca de duas toneladas de cocaína que tinha como destino os Estados Unidos, enquanto há duas semanas tinha sido capturado na Galiza um outro narcosubmarino com três toneladas de cocaína. Duas capturas em tão curto espaço de tempo, colocaram essas máquinas na agenda mediática internacional.
O Perú é o segundo maior produtor mundial de cocaína, estimando-se uma produção anual de 400 toneladas em 50 mil explorações ilícitas, pelo que a recente captura veio revelar a utilização de narcosubmarinos de uma forma mais intensa do que a opinião pública pensava. O jornal El Comércio, que se publica em Lima, destacou a fotografia do narcosubmarino apreendido e uma extensa reportagem com o historial da utilização dos narcosubmarinos pelos traficantes. Segundo essa reportagem, o primeiro semisubmersível foi descoberto em 1993 na ilha colombiana de Providencia e era muito rudimentar, tendo sido apenas em 2011 que as autoridades colombianas capturaram o primeiro verdadeiro narcosubmarino, com cerca de 30 metros de comprimento, possibilidade de transportar quatro tripulantes e com sistema de ar condicionado e cozinha. Porém, oito anos depois, as recentes capturas nas costas peruanas do Pacífico e nas costas espanholas depois da longa travessia do Atlântico, mostram que houve uma grande evolução tecnológica nos narcosubmarinos. Segundo a reportagem, os narcosubmarinos são construídos nas selvas do Surinam e da Guiana, custam 1,5 milhões de dólares cada um e servem apenas para uma viagem, enquanto os seus tripulantes recebem um curso rápido antes de realizar qualquer missão. Calcula-se que cerca de 50% da produção mundial de cocaína é transportada por via marítima e que os traficantes apostam cada vez mais nos narcosubmarinos como o método de transporte mais efectivo das suas cargas.