A Marinha de Guerra do Perú capturou no passado sábado,
pela primeira vez na sua história, um narcosubmarino com cerca de duas
toneladas de cocaína que tinha como destino os Estados Unidos, enquanto há duas
semanas tinha sido capturado na Galiza um outro narcosubmarino com três
toneladas de cocaína. Duas capturas em tão curto espaço de tempo, colocaram
essas máquinas na agenda mediática internacional.
O Perú é o segundo maior
produtor mundial de cocaína, estimando-se uma produção anual de 400 toneladas
em 50 mil explorações ilícitas, pelo que a recente captura veio revelar a
utilização de narcosubmarinos de uma forma mais intensa do que a opinião
pública pensava. O jornal El Comércio, que se
publica em Lima, destacou a fotografia do narcosubmarino apreendido e uma
extensa reportagem com o historial da utilização dos narcosubmarinos pelos
traficantes. Segundo essa reportagem, o primeiro semisubmersível foi descoberto
em 1993 na ilha colombiana de Providencia e era muito rudimentar, tendo sido apenas
em 2011 que as autoridades colombianas capturaram o primeiro verdadeiro
narcosubmarino, com cerca de 30 metros de comprimento, possibilidade de
transportar quatro tripulantes e com sistema de ar condicionado e cozinha.
Porém, oito anos depois, as recentes capturas nas costas peruanas do Pacífico e
nas costas espanholas depois da longa travessia do Atlântico, mostram que houve
uma grande evolução tecnológica nos narcosubmarinos. Segundo a reportagem, os
narcosubmarinos são construídos nas selvas do Surinam e da Guiana, custam 1,5
milhões de dólares cada um e servem apenas para uma viagem, enquanto os seus
tripulantes recebem um curso rápido antes de realizar qualquer missão.
Calcula-se que cerca de 50% da produção mundial de cocaína é transportada por
via marítima e que os traficantes apostam cada vez mais nos narcosubmarinos
como o método de transporte mais efectivo das suas cargas.