É costume
utilizar-se a expressão diplomacia das
canhoneiras ou gunboat diplomacy para classificar as exibições de poderio
militar-naval em que, perante situações de conflito de interesses, há uma parte
que pressiona, intimida ou ameaça a outra parte. Essa prática, a que por vezes
se chama demonstração naval, foi um instrumento da política internacional muito
utilizado na segunda metade do século XIX e na primeira metade do século XX,
especialmente pela Grã-Bretanha e, depois, pelos Estados Unidos, mas não foi um
instrumento utilizado apenas por estes países. Hoje continua a ser utilizado por
esses e por muitos outros países, pretendendo ser a razão dos fortes e dos poderosos
para humilhar e vergar os mais fracos.
É o que está a
suceder em Gibraltar, em que a diplomacia das canhoneiras regressou com toda a
força e a edição de hoje do jornal madrileno La Gaceta destaca essa realidade, com uma fotografia a lembrar os negros anos da 2ª Guerra Mundial. Porém, ninguém imaginava que no século XXI houvesse dois Estados-membros
da União Europeia, que são duas monarquias e que são governados por dois
governos conservadores, entrassem neste jogo que é ridículo e muito perigoso. Era necessário mais bom senso e mais razoabilidade. Com
tantos problemas que existem na Europa e nestes dois países, não vem nada a
propósito arranjar mais este. Ingenuamente, eu até pensava que os nossos políticos
eram fracos e irresponsáveis, mas afinal os Cameron e os Rajoy são farinha do
mesmo saco.