quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Ucrânia: europeus querem paz negociada

Doze países europeus, incluindo Portugal, participaram num estudo de opinião sobre o conflito na Ucrânia organizado pelo European Council on Foreign Relations que, desde ontem, está disponível na internet.
A principal conclusão deste estudo que foi apoiado pela Fundação Gulbenkian, refere-se ao que pensam os europeus sobre o desfecho mais provável da guerra entre a Rússia e a Ucrânia em que, em média, apenas 10% acredita que a Ucrânia vai vencer, 20% entende que a Rússia vencerá e 37% deseja que seja negociada a paz. Dos 12 países do universo do estudo, a Polónia e Portugal são os únicos em que a percentagem daqueles que acreditam na vitória da Ucrânia é superior à percentagem daqueles que acreditam na vitória da Rússia. Portugal tem mesmo os valores extremos, isto é, há 17% que acreditam na vitória da Ucrânia e apenas 11 % que acreditam na vitória da Rússia, havendo 35% de portugueses que desejam que seja negociada a paz.
Outra das conclusões do estudo refere-se às opções que na opinião dos europeus deve ser feita em relação à guerra e, em média, há 31% de europeus que entende que a Europa deve apoiar a Ucrânia para reaver os seus territórios ocupados, enquanto 41% defende que a Ucrânia deve ser pressionada para negociar um acordo de paz com a Rússia. Também nesta questão Portugal se distingue com valores extremos, pois 48% dos portugueses acha que a Ucrânia deve ser apoiada para reaver os seus territórios e só 23% acha que a Ucrânia deve ser pressionada para negociar um acordo de paz com a Rússia.
Este estudo está referenciado nas edições de hoje do jornal Público e do jornal catalão La Vanguardia, podendo ser lido na internet. Os europeus estão pesssimistas em relação a uma vitória da Ucrânia e desejam que a paz seja negociada, mas o que mais surpreende é a posição dos portugueses que, como se constata, são muito permeáveis às campanhas da generalidade dos comentadores televisivos que não são independentes. Porém, importa reter que 37% dos europeus e 35% dos portugueses desejam que seja negociada a paz entre a Ucrânia e a Rússia.

O apelo para o fim dos combates em Gaza

Não é costume, mas falou e, numa “impassioned and unprecedented intervention”, William Arthur Philip Louis, o Príncipe de Gales que é o herdeiro do trono do Reino Unido e dos Reinos da Comunidade de Nações, declarou que “morreu muita gente no conflito de Gaza” e que, “como outros, eu quero o fim dos combates”. O jornal Daily Mail, bem como toda a imprensa britânica, publicou com grande destaque as declarações do Príncipe William que aqui saudamos vivamente.
No mesmo dia, no Conselho de Segurança das Nações Unidas e pela terceira vez, os Estados Unidos vetaram um projecto de resolução apresentado pela Argélia que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, que recebera 13 votos a favor e a abstenção do Reino Unido.
É cada vez mais difícil compreender o apoio americano a Benjamin Netanyahu e ao seu governo que é uma “coligação de direita ultranacionalista”, considerada como “o mais conservador governo da história de Israel”. Depois de mais de quatro meses de conflito, os massacres do Hamas de 7 de outubro e a libertação de reféns parecem, cada vez mais, ser apenas um pretexto dos radicais israelitas para forçar os palestinianos de Gaza a abandonarem o seu território. Essa é a verdadeira intenção israelita e a comunidade internacional, que inicialmente compreendeu a musculada resposta de Israel, começa a ver que se foi longe demais e a acreditar que se está perante um caso de genocídio.
Provavelmente, o apoio dos Estados Unidos a Israel está relacionado com as eleições presidenciais que se aproximam, mas criam um ambiente hostil aos americanos naquela região que é demasiado preocupante para a paz mundial. Entretanto, a União Europeia instalada em Bruxelas continua cega, surda e muda. Incapaz. Irresponsável. Desumana. Sem respeito pelos seus valores fundamentais baseados nos princípios da liberdade, democracia, igualdade e direitos humanos.