terça-feira, 14 de maio de 2019

O atúm e a lei da oferta e da procura

O jornal Faro de Vigo destaca na sua edição de hoje em primeira página, a fotografia de um atúm vermelho “pescado por um barco da Madeira”, com o invulgar peso de 399 quilos, que foi comprado por um exportador de Vigo por 2.300 euros. Segundo refere o jornal, as capturas da frota portuguesa foram desembarcadas em Vigo, tendo sido leiloados 44 atúns no famoso gastromercado O Berbés. 
O peso e o preço de venda do atúm capturado pelos pescadores da Madeira suscita alguma curiosidade. O peso pouco comum de 399 quilos deste atúm, fez com que se procurasse apurar qual o peso do maior atúm alguma vez capturado, tendo aparecido uma informação que refere um exemplar capturado em 1979 com 678 quilos. Portanto, apesar do seu anormal peso, o atúm leiloado em Vigo não é o mais pesado que até agora foi capturado, como se chegou a pensar.
Quanto ao seu valor, que em princípio resulta da lei da oferta e da procura, os armadores ou pescadores madeirenses perderam muito para o intermediário que comprou o atúm por 2.300 euros e que agora vai ganhar muito dinheiro se o exportar para o Japão. O Japão é o principal importador de atúm destinado aos seus incontáveis restaurantes de sushi e paga muito dinheiro pelas suas importações de pescado. Relativamente ao atúm há um curioso ritual com a sua aquisição no tradicional leilão de Ano Novo, que é o primeiro do ano e que se realiza no maior mercado de peixe do mundo que é Tóquio. Este ano foi atingido um preço recorde de dois milhões e 700 mil euros pago por um atúm rabilho com 278 quilos, capturado no mar do norte do Japão. Embora esse leilão de Ano Novo seja uma excepção na valorização do atúm, o facto é que os pescadores madeirenses mereciam melhor compensação.