terça-feira, 3 de abril de 2018

Estudantes gastam 4 milhões em Huelva

A moda já tem alguns anos e os estudantes portugueses finalistas do ensino secundário não abdicam dela, isto é, nesta altura das férias da Páscoa organizam excursões e dirigem-se para o sul de Espanha.
Ontem chegaram a Punta Umbria, uma zona de veraneio situada a menos de cinquenta quilómetros da fronteira de Ayamonte e localizada próximo da cidade de Huelva, cerca de 10.800 visitantes portugueses, entre estudantes e staff de apoio, que viajaram em 200 autocarros.
Pelo terceiro ano consecutivo e durante uma semana tomarão parte no Festival Village Resort Edition, o que representa uma ocupação hoteleira de 100% e um total de cerca de 64.800 pernoitas. Além disso, esta “invasão lusitana” implica a criação de cerca de 1.500 postos de trabalho temporário e um impacto económico da ordem de quatro milhões de euros para o municipio de Punta Umbria: dois milhões cobrados pelos hoteis por alojamento e pensão completa e 1,79 milhões de euros em despesas a efectuar no comércio local em supermercados, souvenirs, bares, cafetarias e outros estabelecimentos.
Punta Umbria tem boas condições para os pré-universitários portugueses que, com idades em torno dos 17-18 anos, podem aproveitar a praia e outros recursos turísticos, embora a maioria prefira a música que é o verdadeiro motor desta festa estudantil. Naturalmente, estas excursões estimulam muitos excessos, mas as autoridades e os organizadores devem estar prevenidos. Finalmente, para o comércio local a “invasão lusitana” é um balão de oxigénio, até porque a Semana Santa terá ficado aquém do desejável.
O jornal Huelva Información destacava hoje que 11.000 portugueses deixarão quatro milhões em Punta Umbria. Era uma grande noticia e um grande negócio proporcionado por gente com grande poder de compra.

A crise da banca é uma vergonha nacional

Segundo os dados ontem publicados pelo Banco de Portugal, o apoio do Estado à banca desde 2007 até 2017 já ultrapassa os 17 mil milhões de euros, embora também tenha sido divulgado que as operações de capitalização dos bancos pesaram 23,7 mil milhões na dívida em 10 anos. Com tantos milhões e com tanta manobra pouco clara para o cidadão comum, é caso para dizer que podem ser anunciados 17 ou 23 mil milhões de euros de ajudas, mas que a banca é cada vez menos confiável e é cada vez mais angustiante suportar a sua incompetente gestão. Os apoios públicos à banca portuguesa têm sido uma contínua conta de somar, numa soma que parece não ter fim. Começou com alguns milhões para acudir ao BPN e, certamente, para salvar uns amigos que por aí andam e, por vezes, com estatutos de gente séria. Depois juntaram-se mais uns milhões para socorrer o colapso do BES e, agora, foram os 3,9 mil milhões de euros entregues à CGD, para além de alguns milhares de milhões de euros em juros. Na passada semana também se soube que o Novo Banco, que ficou com os activos bons do BES, teve prejuízos de 1.395 milhões de euros em 2017 e que, uma vez mais, vai recorrer ao Fundo de Resolução que é do Estado e que é financiado pelos contribuintes portugueses. Tudo isto é demasiado opaco e ninguém ainda foi capaz de acabar com esta trapalhada.
A banca e os banqueiros continuam com os comportamentos e as mordomias de sempre, com as altas remunerações, as mordomias, os carros topo de gama e os cartões de crédito ilimitado. Não se percebe o que faz essa gente, para além de tratarem da sua vidinha. E como são todos muito amigos e muito compadres, até inventaram o termo imparidades para disfarçar os resultados dessa pouca vergonha que é a má gestão e a falta de coragem, mais os calotes, as fraudes e as burlas que consentem ou em que participam. Andamos nisto há dez anos. Ninguém devolve um cêntimo daquilo que desviou ou que roubou. Os jornais esquecem o assunto. Passam os governos e os ministros, mas esta desgraça parece não ter fim. A crise da banca é uma vergonha nacional.