sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Theresa May foi a correr a Washington

A primeira-ministra britânica Theresa May não se tem deslocado a Bruxelas nem a Berlim e talvez nunca tenha visitado Lisboa ou Madrid, mas meteu-se num avião e foi a Washington para visitar o Donald que mora na Casa Branca desde há uma semana. Esta viagem de quem foi contra o Brexit e que agora o defende com entusiasmo e teimosia, só revela muita fraqueza e muita necessidade de amparo que, pensa ela, só o fanfarrão do Donald lhe pode dar. No meio de tantas incertezas nas duas margens do Atlântico é caso para perguntar: porquê tanta pressa?
Não nos interessam as motivações passionais da primeira-ministra britânica que sucedeu a David Cameron, mas o facto é que antes de consumar o divórcio com a União Europeia, ela correu apressadamente para os braços musculados do Donald e, segundo refere hoje o jornal The Independent, ela está completamente trumped. Provavelmente não será apenas a Barbie Trump que não vai gostar deste assédio ao seu Donald de uma senhora inglesa de 60 anos de idade e que é oriunda do condado de Sussex, no sul da Inglaterra.
Os orgulhosos ingleses também não se sentirão confortados com esta submissão de Theresa May à arrogância americana, agora assumida pelo Donald e, com esta tão apressada viagem, os 68% de escoceses que rejeitaram o Brexit vão repensar a sua opinião a respeito da independência escocesa, porque não quererão estar tão trumped como Theresa May. A não ser que tudo isto não passe de um mero flirt ou de um simples encontro para matar saudades. 

O muro de Donald Trump

Donald Trump cumpriu a ameaça e deu ordens para que avançasse o muro que irá separar os Estados Unidos e o México, supostamente para travar o movimento de emigrantes clandestinos. O muro isolará os dois países de uma forma tão brutal, como não acontece sequer nas fronteiras entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.  Porém, esta decisão também tem um objectivo simbólico e insere-se na política proteccionista que Trump quer impor e que se traduz na frase tantas vezes repetida “America first”.
No seu estilo arrogante, agressivo e autoritário, Donald Trump tem mostrado que não quer que a Ford, a General Motors, a Toyota ou a BMW construam automóveis no México e que depois os vendam nos Estados Unidos, acusando esses construtores de criarem empregos no México e não nos Estados Unidos. Além disso, Trump propõe-se taxar em 20% as importações de produtos mexicanos e, dessa forma, custear a construção do muro a que alguns já chamam “o muro da vergonha”.
Enrique Peña Nieto, o Presidente mexicano, como protesto pelas iniciativas anti-mexicanas de Trump, reagiu e já cancelou um encontro que estava marcado entre os dois Presidentes para a próxima semana. A tensão com o México subiu de tom e a atitude de Peña Nieto foi corajosa e, de certa forma, foi o primeiro adversário externo que o Donald enfrentou.
A realidade é que Donald Trump começa o seu mandato como o mais impopular Presidente da história americana, em aberto conflito com o México, com a imprensa e com outros sectores da opinião pública. O influente The Washington Post já veio ridicularizar a iniciativa da construção do muro que, diga-se em nome da verdade, é uma herança de Clinton e de Obama, como mostra a fotografia que o jornal publicou. O facto é que, apenas numa semana, o Presidente dos Estados Unidos tomou um conjunto de polémicas decisões e muitos observadores começam a questionar-se quanto à forma como irão reagir as instituições nacionais americanas.