António Arnaut
faleceu hoje em Coimbra com 82 anos de idade e com ele desaparece um homem que,
como poucos, simbolizava a ética republicana, a integridade cívica e a devoção ao serviço público. Foi
um dos fundadores do Partido Socialista e fez parte do pequeno núcleo de
cidadãos que em 1973 esteve na reunião fundacional realizada na cidade alemã de
Bad Münstereifel, nos tempos em que era precisa muita coragem para desafiar o
Estado Novo.
Militou
activamente na Oposição Democrática e, depois do 25 de Abril, foi deputado à
Assembleia Constituinte e Ministro dos Assuntos Sociais no II Governo
Constitucional presidido por Mário Soares e é considerado o criador do Serviço
Nacional de Saúde, uma das mais importantes conquistas da democracia portuguesa.
Depois da sua passagem pelo governo voltou à sua actividade profissional de
advogado e não ficou pendurado às benesses do Estado, como tantas vezes
acontece com os políticos. Escritor e poeta, tornou-se um exemplo de Cidadania e nunca abdicou da
defesa da Liberdade, dos direitos sociais e do bem comum. Era presidente
honorário do Partido Socialista desde 2016 e o Presidente da República tinha-o justamente
agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
O exemplo de
António Arnaut devia ser inspirador para os políticos portugueses e as
instituições não deixarão de lhe prestar as homenagens que são devidas ao seu
legado político, ao seu exemplo e à sua memória. O dia de luto nacional já
anunciado pelo Presidente da República enquadra-se no sentimento de gratidão
nacional a António Arnaut.