A edição de hoje
do diário francês Libération destaca na sua primeira página a fotografia de um
homem de fato azul e o título “Le vrai patron du foot mondial”, dedicando-lhe
uma desenvolvida reportagem nas páginas interiores. Esse homem chama-se Nélio
Lucas, tem 36 anos de idade, é português e é originário de famílias humildes
da região de Coimbra. Estudou Comunicação e Marketing nos Estados Unidos, fala
fluentemente cinco línguas (português, espanhol, inglês, francês e italiano) e,
há menos de uma dezena de anos, entrou com grande sucesso no mundo do futebol. O
jornal considera-o “o símbolo do liberalismo mais absoluto no futebol moderno”
e afirma que ele domina a opacidade do negócio do futebol.
Nélio Lucas dirige a
Doyen Sports, um fundo de investimento que está presente no universo do futebol
e, segundo o jornal, é ele que “desenha o mapa do futebol” e é tudo naquela organização:
investidor, banqueiro, empresário, agente de imagem, olheiro e recrutador.
A reportagem permite-nos
imaginar o ambiente que caracteriza este negócio da compra e venda de jogadores
de futebol e das margens de lucro que envolve, através do relato dos encontros
havidos entre empresários e dirigentes no Hotel Sheraton da Avenida da Boavista
no Porto, antes do recente jogo entre o FC Porto e o Chelsea. A velha ideia do amor à camisola já
tinha morrido, mas agora consolida-se a ideia de que cada equipa de futebol é
uma unidade de negócio que existe para ser rentabilizada financeiramente.
Neste negócio
sempre ouvi falar em Jorge Mendes, mas graças ao Libération ficamos a
saber que também há o Nélio Lucas e, provavelmente, haverá outros todo-poderosos neste mundo do futebol. Assim, são cada vez mais ridículos aqueles indivíduos que passam horas a discutir futebol na televisão por causa de um penalti ou de um golo anulado.