As eleições
legislativas realizaram-se no dia 4 de Outubro mas continuamos sem saber quem será
o futuro Primeiro-Ministro. Porém, ao contrário do que dizem alguns protagonistas
que andam por aí, por agora isso não é um problema, até porque os dias
continuam a ter 24 horas, os rios continuam a correr para o mar e a lei de
Lavoisier continua viva, isto é, na
natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Estes dias de
incerteza e de curiosidade quanto ao nome do próximo Primeiro-Ministro têm
servido para que na televisão, na rádio e nos jornais, tenham aparecido
centenas de cidadãos a expressarem a sua fundamentada opinião e a mostrar que
há saídas constitucionais para todos os gostos, ou seja, Sua Excelência - que
já pensou em todos cenários - vai ouvir os partidos representados na Assembleia
da República e, tendo em conta os resultados eleitorais, vai nomear um
Primeiro-Ministro, cujo programa essa mesma Assembleia da República irá aceitar
ou rejeitar. Depois se verá...
No meio desta
silenciosa algazarra que nos envolve, já há algumas coisas que se devem
salientar. A primeira é que a maioria absoluta acabou e que a estabilidade e a
governabilidade exigem humildade e compromisso a quem aceitar a incumbência de
formar governo. A segunda é que são os
portugueses, através dos seus deputados, que aprovam ou reprovam o programa do
governo, o que significa que essa tarefa não cabe aos comentadores. A terceira é que aquela ideia do arco da governação é uma treta inventada
pelo portismo e que caiu por terra, pois os governos dependem do Parlamento e para
apoiar um governo não há deputados de primeira e deputados de segunda.
Para além destas realidades,
há uma novidade na política portuguesa que nunca se vira antes com tal
intensidade, a lembrar os tempos sombrios do Diário da Manhã e da União
Nacional. Trata-se da intervenção de alguns indivíduos que, disfarçados de
jornalistas ou de comentadores, dão um triste espectáculo de servilismo e de
preconceito à mudança, que difamam, que insultam e que nos envergonham a todos.
O que eles fazem não é jornalismo. É uma repugnante propaganda. É a arruaça. Moram
nas televisões, mas também no Observador e no Correio da Manha, entre outros
locais que lhes dão abrigo e lhes pagam. Esse Fernandes e essa Bonifácio...
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