quarta-feira, 27 de abril de 2022

António Guterres, um missionário da paz

António Guterres, o secretário-geral das Nações Unidas, esteve ontem em Moscovo e amanhã vai estar em Kiev. Numa altura em que quase só se fala de guerra e em que há quem deseje a sua continuação, havendo mesmo quem considere que já estamos numa terceira guerra mundial, o sofrimento e a dor do povo ucraniano parecem esquecidos e não se vêm diligências suficientes para conseguir um cessar-fogo que permita negociar a paz. Tem-se verificado, inclusive, um agravamento das ameaças e dos discursos provocatórios, numa escalada belicista irresponsável em que a Europa se deixou envolver, como subalterna de uma outra disputa. Por isso, o esforço de António Guterres “para salvar vidas” ou para abrir caminhos para a paz, deve ser saudado, tal como os repetidos apelos à paz lançados pelo Papa Francisco.
Todos os principais jornais portugueses publicaram a fotografia de Putin e Guterres no Kremlin à volta da grande mesa oval e separados por seis metros, mas apenas porque o secretário-geral é português. Na imprensa estrangeira, essa fotografia não foi publicada, o que significa que a missão de paz de António Guterres está a ter menos importância do que as deslocações de Antony Blinken e de Lloyd Austin, que foram a Kiev anunciar mais apoio financeiro para, segundo disse Austin, “enfraquecer a Rússia ao ponto de já não ser capaz de invadir a Ucrânia”. Do outro lado, a réplica de Putin também é ameaçadora ao dizer que responderá com um ataque “relâmpago” a qualquer ingerência estrangeira na Ucrânia. Entre todas estas e outras preocupantes e até assustadoras declarações, há que saudar a missão de António Guterres e desejar-lhe que consiga progressos nos caminhos da paz.

Uma estátua para o turismo e o emprego

Na pequena cidade brasileira de Encantado, situada no estado do Rio Grande do Sul, foi anunciada a conclusão de uma estátua do Cristo Protetor que, com os seus 43,5 metros de altura, fica a constituir o maior monumento brasileiro desse tipo, superando os 38 metros do Cristo Redentor do morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, que foi informalmente escolhido como uma das sete maravilhas do mundo moderno e que desde 2012 foi incluído na lista do património mundial da Unesco. O Cristo de Encantado foi construído em betão e aço, pesa 1,7 toneladas e tem 39 metros de envergadura, isto é, de distância entre a ponta de um braço e a outra ponta.
Encantado é um município que se localiza no Vale do Taquari, a cerca de 140 quilómetros de Porto Alegre, a capital do estado, a 820 quilómetros de São Paulo e a cerca de 400 quilómetros da cidade de Rivera, na fronteira com o Uruguai. A ideia da construção desta estátua teve em vista a criação de um polo de atracção de turismo religioso na cidade de Encantado, tendo sido custeada por empresários da região e por doações de particulares, visando “transmitir a fé do povo e alavancar o turismo na região”. Assim se gera a criação de emprego e se anima a economia da região. De resto, está constituída a Associação Amigos de Cristo do Encantado que é a entidade responsável pela execução desta obra e que vem preparando as estruturas comerciais que apoiarão os futuros visitantes.
O Cristo do Encantado começou a ser construído em 2019 e foi concebido pelos escultores cearenses Genésio Moura e seu filho Markus Moura. Um dos destaques da obra é o coração da estátua, que será envidraçado e terá funções de miradouro, havendo um elevador que levará os visitantes até lá, de onde será possível ter uma vista panorâmica da cidade e do vale onde está implantada.
O jornal Estado de S. Paulo noticiou a conclusão da obra e publicou uma fotografia do Cristo do Encantado com destaque de primeira página. A ideia bem merece esse destaque.