A condenação de
Donald Trump que aconteceu no passado dia 30 de Maio por unânime decisão de um
júri reunido em Manhattan, foi largamente noticiada pelo mundo, pois trata-se
de um homem que é um ex-presidente dos Estados Unidos e que agora está na
corrida para regressar à Casa Branca.
Donald Trump
reagiu e afirmou que vai recorrer desta sentença, fazendo acusações de que se
tratou de um “julgamento fraudulento” e, de acordo com o que ontem citou o
jornal inglês The Independent, também afirmou que “nós estamos a viver num
estado fascista”. Esta declaração é
grave e irresponsável.
Em ano de eleição presidencial, os americanos estão
confrontados com uma grande instabilidade política e com o dilema de escolherem
entre o Democratic Party e o Republican Party, ou entre Joe Biden e Donald
Trump, ou entre um candidato com 81 e outro com 78 anos de idade. Há cerca de
dois anos foi divulgada uma sondagem que mostrava que a maioria dos americanos
considerava a instabilidade política a maior ameaça aos Estados Unidos,
admitindo o colapso da sua democracia. Desde então as coisas não melhoraram e,
pelo contrário, agudizaram-se. Nos seus túmulos, Thomas Jefferson e os
signatários da Declaração de Independência dos Estados Unidos de 1776, devem
estar muito incomodados pelo espectáculo a que vão assistindo. Recentemente, o
eleitorado americano ouviu Joe Biden dizer que Donald Trump “está disposto a
sacrificar a democracia para voltar ao poder” e, depois, ouviu Trump dizer que
“Biden é a verdadeira ameaça à democracia”. Agora, o mesmo Trump, diz queb“nós
estamos a viver num estado fascista”.
Na vida política
portuguesa, estamos habituados a ouvir críticas e acusações entre candidaturas
rivais, mas esta confrontação made in
America é muito mais profunda e altamente preocupante, porque não diz
respeito apenas aos Estados Unidos, mas também respeita ao equilíbrio mundial.