O noticiário
internacional tem sido mobilizado em torno do fiasco do Brexit, da contínua
instabilidade política na Venezuela ou das devastações causadas por ciclones e
cheias em Moçambique, enquanto os nomes de Theresa May, Juan Guaidó, Donald
Trump, Nicolas Maduro, Jair Bolsonaro ou Benjamin Netanyahu estão a ser os
protagonistas do momento e enchem páginas dos jornais.
Apesar disso, nos
últimos dias, vários jornais internacionais, sobretudo franceses e americanos,
têm vindo a tratar do problema das crianças do Daesh que se encontram
internadas em campos de refugiados em território sírio.
Com a derrota
militar das forças do Daesh, as mulheres que se juntaram à jihad islâmica e que
viveram no califado, muitas delas de origem europeia, bem como as suas
crianças, encontram-se agora em campos de refugiados em diversos locais da
Síria, na maior parte dos casos controladas pelas forças curdas. A pressão para
que sejam repatriadas é enorme por evidentes razões humanitárias, mas as
opiniões públicas ocidentais parecem resistir. Essas mulheres traíram os seus
países e juntaram-se ao radicalismo e ao terrorismo. Eventualmente, cometeram
crimes ou foram coniventes com eles. Muitas das suas crianças já estão
instrumentalizadas pela propaganda do Daesh, já participaram em acções
terroristas, já viram muitos crimes hediondos e foram preparadas para ser
combatentes e para actuar como kamikazes e, se não forem acolhidas e reeducadas,
serão em breve um verdadeiro material explosivo sempre pronto a ser accionado por um qualquer Abu Bakr al-Baghdadi. É um dossier muito delicado. Por isso, em diversos países, incluindo Portugal,
se tem feito a pergunta sobre o que deverá ser feito, isto é, se o apoio ao
regresso dessas mulheres e crianças, ou o seu exílio e abandono nos campos de
internamento.