sábado, 30 de março de 2019

O incerto futuro das crianças da jihad

O noticiário internacional tem sido mobilizado em torno do fiasco do Brexit, da contínua instabilidade política na Venezuela ou das devastações causadas por ciclones e cheias em Moçambique, enquanto os nomes de Theresa May, Juan Guaidó, Donald Trump, Nicolas Maduro, Jair Bolsonaro ou Benjamin Netanyahu estão a ser os protagonistas do momento e enchem páginas dos jornais.
Apesar disso, nos últimos dias, vários jornais internacionais, sobretudo franceses e americanos, têm vindo a tratar do problema das crianças do Daesh que se encontram internadas em campos de refugiados em território sírio.
Com a derrota militar das forças do Daesh, as mulheres que se juntaram à jihad islâmica e que viveram no califado, muitas delas de origem europeia, bem como as suas crianças, encontram-se agora em campos de refugiados em diversos locais da Síria, na maior parte dos casos controladas pelas forças curdas. A pressão para que sejam repatriadas é enorme por evidentes razões humanitárias, mas as opiniões públicas ocidentais parecem resistir. Essas mulheres traíram os seus países e juntaram-se ao radicalismo e ao terrorismo. Eventualmente, cometeram crimes ou foram coniventes com eles. Muitas das suas crianças já estão instrumentalizadas pela propaganda do Daesh, já participaram em acções terroristas, já viram muitos crimes hediondos e foram preparadas para ser combatentes e para actuar como kamikazes e, se não forem acolhidas e reeducadas, serão em breve um verdadeiro material explosivo sempre pronto a ser accionado por um qualquer Abu Bakr al-Baghdadi. É um dossier muito delicado. Por isso, em diversos países, incluindo Portugal, se tem feito a pergunta sobre o que deverá ser feito, isto é, se o apoio ao regresso dessas mulheres e crianças, ou o seu exílio e abandono nos campos de internamento.