quarta-feira, 29 de maio de 2024

A breve visita de Zelensky a Lisboa

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky esteve ontem em Lisboa numa visita de cerca de 6 horas e, segundo anuncia o jornal Público, o nosso “apoio militar atinge os 126 milhões de euros já este ano”. Esse apoio solidário à Ucrânia resulta da guerra que está a enfrentar, que para alguns foi iniciada no dia 24 de fevereiro de 2022 com a invasão russa do seu território e, para outros, começou em 2014 com os levantamentos dos separatistas de Lugansk e Donetsk a contestar o autoritarismo de Kiev.
Independentemente da sua génese ou das suas circunstâncias, todas as guerras são indesejáveis pois trazem consigo a morte e a destruição e aquela que se trava em território ucraniano não foge a esta regra. Por isso, há que fazer todos os esforços para acabar com essa catástrofe humana e material, procurando reconciliar amigos e encontrar a paz, com cedências das partes e dos seus aliados. Ao fim de dois anos, ninguém acredita seriamente que possa haver vencedores. Essa é, ou deveria ser, a posição portuguesa, em obediência ao nosso princípio constitucional que preconiza “a solução pacífica dos conflitos internacionais”.
As lições do general prussiano Carl Von Clausewitz, que publicou em 1832 um livro sobre a guerra, incluem uma definição que parece inquestionável: “a Guerra é a continuação da Política por outros meios”. Assim sendo, é a Política que desencadeia as guerras e é a Política que deve acabar com elas, através de vários instrumentos, como por exemplo a Diplomacia. A generalidade dos políticos europeus não parece pensar assim e trata de mobilizar fundos para apoiar militarmente a Ucrânia, sabendo que isso pode contribuir para uma perigosíssima escalada que os seus cidadãos não desejam, como se vê no Eurobarometer.
Evidentemente que as desejáveis negociações de paz não serão fáceis, mas terá que ser esse o caminho. “A paz é o caminho”, disse hoje a Secretária de Estado da Defesa do governo português numa cerimónia militar a que eu assisti,  Não sei se durante a visita de Zelensky a Lisboa se tratou apenas do acordo de cooperação militar bilateral, ou se no recato das conversas, se falou realmente da necessidade que todos temos de ter paz na Ucrânia.