O presidente
ucraniano Volodymyr Zelensky esteve ontem em Lisboa numa visita de cerca de 6
horas e, segundo anuncia o jornal Público, o nosso “apoio militar
atinge os 126 milhões de euros já este ano”. Esse apoio solidário à Ucrânia
resulta da guerra que está a enfrentar, que para alguns foi iniciada no dia 24
de fevereiro de 2022 com a invasão russa do seu território e, para outros,
começou em 2014 com os levantamentos dos separatistas de Lugansk e Donetsk a
contestar o autoritarismo de Kiev.
Independentemente
da sua génese ou das suas circunstâncias, todas as guerras são indesejáveis
pois trazem consigo a morte e a destruição e aquela que se trava em território
ucraniano não foge a esta regra. Por isso, há que fazer todos os esforços para
acabar com essa catástrofe humana e material, procurando reconciliar amigos e
encontrar a paz, com cedências das partes e dos seus aliados. Ao fim de dois anos, ninguém acredita seriamente que possa haver vencedores. Essa é, ou deveria ser,
a posição portuguesa, em obediência ao nosso princípio constitucional que
preconiza “a solução pacífica dos conflitos internacionais”.
As lições do general
prussiano Carl Von Clausewitz, que publicou em 1832 um livro sobre a guerra,
incluem uma definição que parece inquestionável: “a Guerra é a continuação da Política
por outros meios”. Assim sendo, é a Política que desencadeia as guerras e é a
Política que deve acabar com elas, através de vários instrumentos, como por
exemplo a Diplomacia. A generalidade dos políticos europeus não parece pensar
assim e trata de mobilizar fundos para apoiar militarmente a Ucrânia, sabendo
que isso pode contribuir para uma perigosíssima escalada que os seus cidadãos
não desejam, como se vê no Eurobarometer.
Evidentemente
que as desejáveis negociações de paz não serão fáceis, mas terá que ser esse o
caminho. “A paz é o caminho”, disse hoje a
Secretária de Estado da Defesa do governo português numa cerimónia militar a que eu assisti, Não sei se durante a
visita de Zelensky a Lisboa se tratou apenas do acordo de cooperação militar
bilateral, ou se no recato das conversas, se falou realmente da necessidade que
todos temos de ter paz na Ucrânia.
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