O processo
eleitoral da escolha dos 751 deputados que tomarão assento no Parlamento
Europeu até 2019, em representação de mais de 500 milhões de cidadãos dos 28
Estados-membros da União Europeia, inicia-se hoje no Reino Unido e na Holanda,
embora a grande maioria dos actos eleitorais ocorra no dia 25 de Maio. Em Portugal assim acontecerá e serão eleitos 21 deputados europeus. Com honrosas
excepções, os nossos actuais euro-deputados são uns desconhecidos de quem
os elegeu e, mesmo na campanha em curso, não sabemos quem são os candidatos e
sabemos apenas os nomes dos cabeças de lista apresentados por cada partido. Não
admira, portanto, que a abstenção seja a grande vencedora das eleições
europeias.
Desde há alguns anos que a
União Europeia atravessa uma profunda crise económica e social que está a fazer
tremer os alicerces da construção europeia, a solidez do seu modelo social e o
seu prestígio no mundo. A hegemonia e a arrogância dos grandes sobre os
pequenos Estados acentuou-se e o projecto de solidariedade europeia tem sido
ignorado perante a intensificação dos egoismos nacionais. O desemprego,
sobretudo dos jovens, atinge níveis insuportáveis. A coesão social está
fragilizada. Há uma crescente indiferença pelos direitos humanos, pelos
atentados às liberdades democráticas e pela violação das regras do Estado de
Direito. A União Europeia tem que reagir para sobreviver. Tem que ser mais
forte, mais solidária, mais próspera, mais justa e mais respeitadora das
identidades culturais e das soberanias dos seus Estados-membros. A União
Europeia precisa de deputados inconformados com a decadência civilizacional europeia
mas que sejam fiéis aos seus valores culturais, sem submissão nem servilismo aos poderes
financeiros emergentes. As arrogantes burocracias de Bruxelas e de Frankfurt,
que durante três anos nos humilharam sem que os nossos dirigentes pestanejassem,
não são aceitáveis nem podem ser toleradas. Essa era a resposta e a proposta
que se esperava dos candidatos a deputados europeus, mas são poucos os que falam
destas coisas, enquanto outros continuam – imagine-se já no século XXI – a
atirar poeira para os olhos dos eleitores com os seus discursos fanáticos, patéticos, pindéricos e
rangélicos.