sábado, 29 de setembro de 2012

A França está a atravessar tempos difíceis

As dificuldades financeiras por que passam a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália, também afectam, em maior ou menor grau, os restantes países da zona Euro. Agora é a França que revela essas mesmas dificuldades e que anuncia “um esforço histórico de rigor orçamental”, como revela o Le Monde, numa tentativa para impedir que o país sofra ainda mais com a crise financeira europeia. O objectivo é diminuir o seu défice orçamental de 4,5% para 3%, inverter o ritmo de crescimento da sua dívida pública que já atingiu 91% do PIB, reduzir o desemprego que já ultrapassa os 3 milhões de pessoas e relançar a economia de forma a travar o actual ciclo de recessão. O plano prevê um ganho orçamental global de 36,9 mil milhões de euros por aumento de impostos e por reduções de despesa. Uma das medidas adoptadas é o aumento dos impostos para os mais ricos e para as grandes empresas, com o aumento para 75% da tributação sobre os rendimentos superiores a um milhão de euros e um novo imposto de 45% sobre os rendimentos superiores a 150 mil euros.
O presidente Hollande e o primeiro-ministro Ayrault querem inverter o ciclo recessivo, mas mostram-se atentos à realidade social francesa e não adoptam modelos experimentais. Colocam as pessoas em primeiro lugar e protegem as classes de menores rendimentos. Sabem que a perda de rendimentos e o próprio medo de perder os empregos, levam à redução do consumo e que, nessas condições, as empresas vendem menos, não fazem novos investimentos, são obrigadas a despedir pessoas e também não exportam mais, porque os habituais compradores também estão a passar por problemas muito parecidos.  
Como é diferente daquilo que se passa por aqui, em que se insiste em receitas que já provaram estar erradas e que fazem lembrar os tempos do "orgulhosamente sós".

Olivença é uma cidade que espera por nós

A Igreja de Santa Maria Madalena, em Olivença, foi eleita "O Melhor Recanto de Espanha 2012", num passatempo promovido na Internet pela petrolífera Repsol. Num país cujo património edificado é impressionante e que faz de cada povoação um verdadeiro “museu ao ar livre”, a escolha dos internautas não tem qualquer significado especial, apesar de, segundo informação divulgada pelo Turismo de Olivença, a igreja datar da primeira metade do século XVI e ser considerada uma jóia oliventina e do património manuelino português, pela sua riqueza em azulejos, talha dourada e motivos decorativos marítimos, que nos remetem para a época dos Descobrimentos portugueses. Foi mandada construir para servir como templo do local de residência dos bispos de Ceuta, tendo sido estreada por Frei Henrique de Coimbra, que foi confessor do rei D. Manuel e o primeiro padre que celebrou uma missa no Brasil.
Influenciado pela eleição da igreja da Madalena, o Jornal i anuncia em primeira página que em Olivença “as marcas de Portugal resistem ainda e sempre à ocupação” e insere um interessante artigo sobre Olivença/Olivenza, realçando as marcas portuguesas no património, na toponímia, na música e nas danças, na gastronomia e na cultura popular. Os oliventinos são o produto de uma mistura de duas culturas e, em maior ou menor grau, todos os oliventinos têm ascendência portuguesa - “um oliventino não é português nem espanhol, é oliventino”. O alcaide da cidade de 12 mil habitantes defende que “se um dia Portugal e Espanha se unirem, a capital será Olivença”. Com estas referências, certamente que muitos portugueses procurarão conhecer a cidade que foi anexada em 1801 e que Portugal não reconhece como espanhola.