As dificuldades financeiras por que passam a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália, também afectam, em maior ou menor grau, os restantes países da zona Euro. Agora é a França que revela essas mesmas dificuldades e que anuncia “um esforço histórico de rigor orçamental”, como revela o Le Monde, numa tentativa para impedir que o país sofra ainda mais com a crise financeira europeia. O objectivo é diminuir o seu défice orçamental de 4,5% para 3%, inverter o ritmo de crescimento da sua dívida pública que já atingiu 91% do PIB, reduzir o desemprego que já ultrapassa os 3 milhões de pessoas e relançar a economia de forma a travar o actual ciclo de recessão. O plano prevê um ganho orçamental global de 36,9 mil milhões de euros por aumento de impostos e por reduções de despesa. Uma das medidas adoptadas é o aumento dos impostos para os mais ricos e para as grandes empresas, com o aumento para 75% da tributação sobre os rendimentos superiores a um milhão de euros e um novo imposto de 45% sobre os rendimentos superiores a 150 mil euros.
O presidente Hollande e o primeiro-ministro Ayrault querem inverter o ciclo recessivo, mas mostram-se atentos à realidade social francesa e não adoptam modelos experimentais. Colocam as pessoas em primeiro lugar e protegem as classes de menores rendimentos. Sabem que a perda de rendimentos e o próprio medo de perder os empregos, levam à redução do consumo e que, nessas condições, as empresas vendem menos, não fazem novos investimentos, são obrigadas a despedir pessoas e também não exportam mais, porque os habituais compradores também estão a passar por problemas muito parecidos.
Como é diferente daquilo que se passa por aqui, em que se insiste em receitas que já provaram estar erradas e que fazem lembrar os tempos do "orgulhosamente sós".