Passadas as
primeiras horas sobre as eleições do dia 21 de Dezembro e depois de todas as
forças políticas catalãs terem declarado vitória, como é costume nestes casos,
é tempo de analisar a situação criada na Catalunha que, como hoje salienta o El
País, se partiu em dois bocados.
O bloco
independentista conseguiu 70 deputados e teve 2.062.760 votos e o bloco
constitucionalista elegeu 65 deputados e teve 2.211.655 votos, o que mostra que
há uma lei eleitoral que não traduz a verdadeira vontade popular pois dá mais
deputados a quem tem menos votos. Nessas circunstâncias há um bloco que diz que
tem mais deputados e outro bloco que diz que tem mais votos. São duas verdades
que até parecem irreconciliáveis, tal como parecem estar Rajoy e Puigdemont.
Mariano Rajoy é
um perdedor porque a sua estratégia fracassou e Carles Puigdemont é um
derrotado não só porque abandonou as suas tropas e fugiu, mas também porque
perdeu a condição de líder do partido mais votado. Dificilmente dois derrotados
poderão fazer outra coisa que não seja procurarem esconder os seus fracassos
nesta problemática catalã. Com os resultados das eleições, nem uns podem
invocar maiorias silenciosas, nem outros podem continuar com as pressões populares
e a ocupação das ruas.
Há que descobrir outros protagonistas para dialogar. A situação é mais
complexa do que antes e há que procurar a pacificação e a reconciliação pelo
diálogo, evitando a continuação das confrontações verbais que, como a história
mostra, podem degenerar noutro tipo de confrontações.