A equipa
portuguesa jogou ontem em Sevilha e perdeu com a selecção belga por 1-0, pelo
que foi eliminada do Euro 2020. “O único momento de inspiração da Bélgica
bastou para afastar Portugal”, escreveu o jornal Público como manchete de
primeira página, ilustrada com uma fotografia de um Cristiano Ronaldo
derrotado. Segundo rezam as crónicas, “o apuramento bateu no poste” e houve
“falta de pontaria”, mas a equipa bateu-se bem, atacou muito e merecia ganhar.
Os belgas foram eficazes e fizeram um só remate que lhes bastou para averbar a
vitória. Foi uma enorme desilusão para os portugueses, depois de uma intensa
campanha conduzida pela comunicação social e pelos seus estagiários, bem como por
algumas personalidades da nossa vida política, com destaque para o Presidente
da República que, qual venerando Chefe do Estado, se tornou um fervoroso adepto
e um entusiasmado comentador. Todos eles fizeram do futebol a coisa mais
importante das nossas vidas e isso não é verdade. A desilusão geral que se
abateu sobre o país também é uma consequência da insistência com que nos fazem
crer que somos os melhores do mundo e de não nos prepararem para outro
resultado.
Os jogadores
fizeram o que puderam enquanto profissionais muito bem remunerados, ou
obscenamente pagos, mas também ficaram tristes, porque o resultado poderia ter
sido outro. Porém, hoje o país acordou com os mesmos 92.212 quilómetros
quadrados de superfície, a nossa dívida pública não se alterou, a taxa de
desemprego também não baixou e o índice de transmissibilidade do covid-19 podia estar melhor.
Há que seguir em
frente porque há muito mais vida para além do futebol, como diria o saudoso Presidente
Jorge Sampaio, que era um genuíno adepto de futebol, mas que não era
comentador.