segunda-feira, 28 de junho de 2021

Há muito mais vida para além do futebol

A equipa portuguesa jogou ontem em Sevilha e perdeu com a selecção belga por 1-0, pelo que foi eliminada do Euro 2020. “O único momento de inspiração da Bélgica bastou para afastar Portugal”, escreveu o jornal Público como manchete de primeira página, ilustrada com uma fotografia de um Cristiano Ronaldo derrotado. Segundo rezam as crónicas, “o apuramento bateu no poste” e houve “falta de pontaria”, mas a equipa bateu-se bem, atacou muito e merecia ganhar. Os belgas foram eficazes e fizeram um só remate que lhes bastou para averbar a vitória. Foi uma enorme desilusão para os portugueses, depois de uma intensa campanha conduzida pela comunicação social e pelos seus estagiários, bem como por algumas personalidades da nossa vida política, com destaque para o Presidente da República que, qual venerando Chefe do Estado, se tornou um fervoroso adepto e um entusiasmado comentador. Todos eles fizeram do futebol a coisa mais importante das nossas vidas e isso não é verdade. A desilusão geral que se abateu sobre o país também é uma consequência da insistência com que nos fazem crer que somos os melhores do mundo e de não nos prepararem para outro resultado.
Os jogadores fizeram o que puderam enquanto profissionais muito bem remunerados, ou obscenamente pagos, mas também ficaram tristes, porque o resultado poderia ter sido outro. Porém, hoje o país acordou com os mesmos 92.212 quilómetros quadrados de superfície, a nossa dívida pública não se alterou, a taxa de desemprego também não baixou e o índice de transmissibilidade do covid-19 podia estar melhor.  
Há que seguir em frente porque há muito mais vida para além do futebol, como diria o saudoso Presidente Jorge Sampaio, que era um genuíno adepto de futebol, mas que não era comentador.

1 comentário:

  1. Embora nada perceba de futebol nem seja seu fan, acho que foi uma tremenda injustiça a nossa eliminação. Jogámos muito melhor mas no futebol a justiça é feita pelos golos. E eles marcaram e nós não. Até o poste esteve contra nós.
    Para os jornalistas e locutores variadíssimos que não paravam de nos "azucrinar" a cabeça com a sua ciência ludopédica que já não se podiam ouvir, também isto foi mau. O que farão agora?

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