O jornal Tal
& Qual foi fundado em 1980 e teve grande sucesso editorial, mas em
2007 cessou a sua publicação. Porém, cerca de catorze anos depois, voltou às
bancas como semanário de informação geral e é um regresso que se saúda.
Na sua última
edição o jornal escolheu para manchete “Marcelo anda a pôr Belém num virote”,
mas o assunto não me interessou porque não tenho nenhuma curiosidade em saber a
forma como o venerando Chefe do Estado faz a gestão da sua residência oficial.
Entretanto,
vieram os dias do Euro 2020, com a comunicação social a infectar a sociedade
portuguesa de uma forma absolutamente desproporcionada e a deixar no espírito
dos mais distraídos a ideia de que o futebol era a coisa mais importante das
nossas vidas. Com o entusiasmo fora dos limites, não só o Presidente da
Assembleia da República perdeu a cabeça, como o próprio Presidente da República
veio dar razão ao Tal & Qual, ao pôr o país num virote, pois alinhou no generalizado
desvario que se abateu sobre o país, fazendo ao mesmo tempo de comentador, de
adepto e de seleccionador. Foi um absoluto exagero, estudado e preparado, sempre
com os microfones e as câmaras à vista, como ele tanto gosta. Naturalmente,
decidiu assistir ao jogo Portugal-Bélgica, mas não escolheu o recato da sua
casa, mas preferiu um restaurante com os inevitáveis microfones à volta. No dia
seguinte, tomou a decisão de ir esperar os jogadores que, por acaso tiveram a
pior prestação de sempre naquela competição. Mais um exagero. O jornal O Jogo escreveu que “Marcelo decidiu dar
colo à selecção”, mas mais nenhum jornal ligou à inapropriada presença de
Marcelo Rebelo de Sousa, que foi dizer que éramos tão bons como o campeão do
mundo, que éramos melhores que o número um do ranking mundial, que jogámos mais do que eles e que a luta
continua. Foi demasiado colo. É demasiado populismo. É bom que o Presidente da República seja inteligente, culto,
cosmopolita e democrata, mas estes exageros não são nada recomendáveis.
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