Pela terceira vez
em 243 anos da história dos Estados Unidos a sua Câmara dos Representantes
acusou formalmente o Presidente com vista à sua destituição do cargo, ao
aprovar ontem dois artigos de destituição, um por “abuso do poder” e outro por “obstrução
à justiça”. O primeiro artigo de destituição era relativo ao abuso de poder e teve
o voto favorável de 230 e a desaprovação de 197 deputados da Câmara dos
Representantes, enquanto o segundo artigo que era relativo à obstrução à
justiça, teve 229 votos favoráveis e 198 votos desfavoráveis.
Os grandes
jornais americanos encheram as suas primeiras páginas com a frase Trump impeached e o processo segue agora
para o Senado que tem competência exclusiva sobre o assunto e avaliará se o
Presidente dos Estados Unidos deve ou não ser demitido do seu cargo, isto é, fará o julgamento de Donald Trump. O Senado é presidido pelo presidente do Supremo Tribunal
de Justiça e é composto por uma centena de senadores que actuam como jurados,
mas é necessária uma maioria de dois terços dos senadores (67 em 100) para que as
suas decisões sejam efectivas. Porém, a maioria republicana do Senado irá
certamente rejeitar a acusação e “salvará” Donald Trump.
O processo nasceu da eterna luta entre Republicanos e Democratas,
sobretudo quando se aproximam as eleições presidenciais de 2020, a que se juntou o
particular comportamento populista e mentiroso de Donald Trump, mas o pretexto
mais próximo foi a campanha de pressão montada sobre o presidente da Ucrânia, na
qual Trump é acusado de pressionar ou “exigir” que fosse anunciada a abertura
de investigações contra os Democratas americanos e em especial contra Joe
Biden, que é um dos possíveis adversários de Trump nas eleições de 2020.
Naturalmente, pouco se pode esperar deste julgamento, mas o facto é que a reduzida credibilidade do Donald tem feito tremer o prestígio das instituições democráticas americanas.