sábado, 25 de setembro de 2021

Auf Wiedersehen: o adeus a Angela Merkel

A Alemanha tem eleições gerais amanhã para escolher o novo chanceler que substituirá Angela Dorothea Merkel, que exerceu esse cargo durante dezasseis anos. Serão eleitos 709 deputados para o Bundestag, sobretudo da CDU (centro-direita) e do SPD (centro-esquerda), mas o futuro chanceler resultará, como é habitual na política alemã, das coligações que forem acordadas.
Com 67 anos de idade, Angela Merkel deixa o seu cargo com um nível de popularidade interna da ordem dos 80%, enquanto no estrangeiro se sucedem as homenagens à mulher que se tornou o símbolo da estabilidade europeia desde que assumiu o cargo em 2005. Durante o seu mandato a senhora Merkel conheceu cinco primeiros-ministros do Reino Unido, quatro presidentes franceses, quatro presidentes americanos, sete primeiros-ministros italianos e quatro presidentes portugueses, tendo conquistado uma reputação e um capital de prestígio singular no actual xadrez da política mundial.
Um dos aspectos mais curiosos do seu desempenho político foi a sua relação com a França, com quem a Alemanha disputou a hegemonia europeia durante muitos anos, nomeadamente na guerra franco-alemã de 1870-71 e nas duas guerras mundiais. A boa relação entre a França e a Alemanha de Angela Merkel foi, provavelmente, o factor que mais contribuiu para a unidade e para estabilidade europeias e daí as homenagens da imprensa francesa que, apesar do seu espírito chauvinista não hesitou em usar a expressão Auf Wiedersehen em algumas das suas publicações.
Angela Merkel foi uma figura notável e inscreveu o seu nome na estreita galeria dos construtores da Europa, onde estão Konrad Adenauer, Robert Schuman, Jean Monnet, Jacques Delors e poucos mais.