A violência contra as mulheres é um fenómeno global, embora tenha características muito diversas e seja muitas vezes esquecido e até seja culturalmente aceite em muitas sociedades. A sua expressão mais visível são os casos de violência doméstica que, nos tempos mais recentes, têm revelado uma preocupante dimensão em Portugal.
Porém, de vez em quando o mundo é surpreendido por chocantes notícias relativas à violência contra as mulheres. Assim acontece com os casos de violência sexual que nos últimos anos têm acontecido na Índia, designadamente o caso da estudante universitária de 23 anos de idade que em Dezembro de 2012 morreu depois de ter sido vítima de estupro colectivo num autocarro em Nova Delhi. Em termos sociais, culturais e jurídicos, a Índia costuma ser muito tolerante para com a violência sexual, mas este caso e outros que depois aconteceram e foram publicamente revelados, provocaram uma onda de protesto nacional e trouxeram esse problema para a discussão pública, o que está a mudar a visão dos indianos sobre a violência contra as mulheres. A atitude das autoridades perante esse problema também está a mudar. Nesse aspecto, o governo de Narendra Modi já marcou posição e produziu legislação no sentido de combater essa chaga da sociedade indiana, uma terra em que ainda há regiões onde existem comboios urbanos e suburbanos com carruagens para homens e carruagens para mulheres, exactamente para estas viajarem em segurança. O anúncio de meia página da Polícia de Delhi publicado na edição de hoje do The Asian Age, é muito curioso e é um invulgar apelo às mulheres indianas para que reajam e aprendam a defender-se para tornar a cidade de Nova Delhi mais segura.