domingo, 17 de dezembro de 2023

O bom exemplo da Venezuela e da Guiana

O jornal ÚltimasNotícias, que se publica em Caracas, destacou na sua edição de ontem o encontro entre os presidentes Nicolas Maduro da Venezuela e Mohamed Irfaan Ali da República Cooperativa da Guiana, que se realizou no Aeroporto de Argyle em São Vicente e Granadinas, no sul das Caraíbas. O anfitrião deste encontro foi o primeiro-ministro Ralph Gonsalves, “neto de emigrantes de Câmara de Lobos que emigraram para as Caraíbas em 1845” e nele participaram Celso Amorim, enviado especial do presidente Lula da Silva, bem como outros primeiros-ministros das Caraíbas.
Segundo os relatos da imprensa avançou-se bastante na questáo do Essequibo que, nos últimos tempos, se agudizara e ameaçava transformar-se num conflito militar, tendo sido assinada a Declaração de Argyle com onze pontos que apontam para um arrefecimento do conflito. As partes comprometeram-se a não fazer ameaças recíprocas, nem a utilizar a força em quaisquer circunstâncias, nem a agravar os seus desacordos e “acordaram que qualquer controvérsia entre si se resolverá em conformidade com o direito internacional, incluido o Acordo de Genebra de 17 de Fevereiro de 1966”.
Significa que a República Cooperativa da Guiana reconhece o Acordo de Genebra, isto é, o acordo assinado “para resolver a controvérsia entre a Venezuela e o Reino Unido sobre a fronteira entre a Venezuela e a Guyana Britânica”, que criou uma Comissão Mista para “buscar soluciones satisfactorias para el arreglo práctico de la controversia entre Venezuela y el Reino Unido”, que até agora não foi resolvido.
Este diálogo e este acordo de Argyle entre a Venezuela e a Guiana, que aqui saudamos, é um passo importante para a resolução pacífica e negociada deste conflito nascido do “imperialismo britânico do século XIX”. Porém, também aqui lamentamos que não sirva de exemplo para a resolução de outros conflitos, por exemplo na Ucrânia e no Médio Oriente, onde aqueles que têm influência para encontrar soluções não falam de paz, mas tão só de guerras, de armas e de mais armas.