O jornal ÚltimasNotícias,
que se publica em Caracas, destacou na sua edição de ontem o encontro entre os
presidentes Nicolas Maduro da Venezuela e Mohamed Irfaan Ali da República
Cooperativa da Guiana, que se realizou no Aeroporto de Argyle em São Vicente e
Granadinas, no sul das Caraíbas. O anfitrião deste encontro foi o primeiro-ministro
Ralph Gonsalves, “neto de emigrantes de Câmara de Lobos que emigraram para as
Caraíbas em 1845” e nele participaram Celso Amorim, enviado especial do
presidente Lula da Silva, bem como outros primeiros-ministros das Caraíbas.
Segundo os
relatos da imprensa avançou-se bastante na questáo do Essequibo que, nos últimos
tempos, se agudizara e ameaçava transformar-se num conflito militar, tendo sido
assinada a Declaração de Argyle com onze pontos que apontam para um
arrefecimento do conflito. As partes comprometeram-se a não fazer ameaças recíprocas,
nem a utilizar a força em quaisquer circunstâncias, nem a agravar os seus
desacordos e “acordaram que qualquer controvérsia entre si se resolverá em
conformidade com o direito internacional, incluido o Acordo de Genebra de 17 de
Fevereiro de 1966”.
Significa que a
República Cooperativa da Guiana reconhece o Acordo de Genebra, isto é, o acordo
assinado “para resolver a controvérsia entre a Venezuela e o Reino Unido sobre
a fronteira entre a Venezuela e a Guyana Britânica”, que criou uma Comissão
Mista para “buscar soluciones satisfactorias para el arreglo práctico de la
controversia entre Venezuela y el Reino Unido”, que até agora não foi
resolvido.
Este diálogo e este acordo de Argyle entre a Venezuela e a Guiana, que aqui saudamos, é um passo importante para a
resolução pacífica e negociada deste conflito nascido do “imperialismo britânico
do século XIX”. Porém, também aqui lamentamos que não sirva de exemplo para a resolução
de outros conflitos, por exemplo na Ucrânia e no Médio Oriente, onde aqueles
que têm influência para encontrar soluções não falam de paz, mas tão só de guerras, de armas e de mais armas.
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