Nas últimas semanas têm sido produzidas algumas
afirmações de precipitado optimismo, com base em dois indicadores que
registaram uma evolução positiva: o produto cresceu 1,1% no segundo
trimestre de 2013 face ao trimestre anterior e, em Setembro, a taxa de desemprego situou-se nos 16,3%, ligeiramente
abaixo dos 16,5% registados em Agosto. Estes indicadores trouxeram algum ânimo
aos nossos dirigentes. Assim, há um mês atrás, numa entrevista
concedida a um jornal sueco, o Presidente da República afirmou que “Portugal já
saiu da recessão e apresenta o maior crescimento da Europa”. Depois, o ministro
Portas passou a falar em “sinais positivos”, dizendo que “a economia começa a dar sinais de
recuperação”, que "é possível que Portugal esteja a poucas
semanas de saber oficialmente que saiu de uma recessão técnica” e que “em Junho de 2014 podemos viver uma espécie
de 1640 financeiro”. O ministro Lima, apesar de ser mais comedido e mais conhecedor do que o
seu pupilo, foi na onda e falou em “milagre económico”. Infelizmente
a realidade é outra e só a sazonalidade e a maciça emigração sustentaram
aqueles sinais. Poucos acreditam que, com este tipo de austeridade, os desejos
de retoma se transformem em realidade, com excepção dos que se sentam na primeira fila das bancadas
parlamentares dos partidos da maioria, eventualmente à espera de uma qualquer
promoção. Esses aplaudem em delírio. E é esta rapaziada que, perante o ultimato
da troika a exigir um compromisso
político com a oposição, adopta um intolerável discurso – agressivo,
provocatório e insultuoso – que nos chega a casa através das emissões em
directo do canal Parlamento. Não é de agora, mas nos últimos tempos o insulto
quase tem feito parte da ordem de trabalhos. Assim, nunca haverá consenso, nem
o desejável compromisso de que o país carece. Assim, só novas eleições (e
outros deputados mais maduros e menos panfletários) poderão resolver este imbróglio.