domingo, 29 de novembro de 2020

A língua portuguesa é uma enorme janela

Vivemos num tempo em que estamos sob uma intensa pressão da esfera mediática, embora o paradigma – a rádio anuncia, a televisão mostra e os jornais explicam – continue a prevalecer, apesar da ameaça que vem constituindo o aparecimento da internet e das redes sociais. 
Porém, a confiança nos meios de comunicação ditos tradicionais está a ficar abalada. Como explicam as teorias do agenda-setting e da tematização, a lógica (económica e política) na escolha dos temas e na construção das notícias, tendem a impor-nos os temas em que devemos pensar. Procuram gerar os chamados efeitos cognitivos da comunicação de massa, que pretendem moldar a opinião pública e que nos enrolam naquilo a que se vem chamando a “espuma dos dias”, isto é, somos informados com ou sem verdade sobre aquilo que os mass media querem e não sobre aquilo que nos interessa. Vem isto a propósito do 18º Concurso de Eloquência em Língua Portuguesa que foi organizado pelo Departamento de Português da Universidade de Macau e que decorreu nas instalações da mesma universidade de Macau, que teve justificado destaque no jtmJornal Tribuna de Macau. O vencedor foi um jovem oriundo da Mongólia Interior que, ao ser entrevistado, declarou que a língua portuguesa é uma enorme janela para o mundo, o que não deixa de ser um grande elogio para a nossa língua. 
Macau é realmente um exemplo no que respeita à língua portuguesa que parece ter agora mais apoio do que no tempo da administração portuguesa. O que aqui se salienta é que estes temas que estão vivos lá longe, estão ausentes da nossa comunicação social. As questões da língua e da cultura estão cada vez mais afastadas da tematização da nossa comunicação social, que anda demasiado ocupada com as coisas do futebol e com outros assuntos menores.