segunda-feira, 1 de março de 2021

Jair Bolsonaro: autoritário e populista

Embora sejamos confrontados com diferentes narrativas em relação à evolução da pandemia e haja notícias animadoras nas últimas semanas, ainda ninguém avança com previsões seguras quanto ao futuro, que continua dominado pela incerteza. No entanto há algumas excepções que contrariam o alívio que se sente um pouco por todo o mundo e a mais notória acontece no Brasil, que parece atravessar o seu pior momento em relação a novas infecções e ao número de óbitos, para além de se anunciar que em algumas cidades brasileiras os sistemas de saúde estão a entrar em colapso. O controlo da pandemia no Brasil tem dificuldades específicas devido à vastidão do território e à descentralização estadual, mas também devido à forma como os mais altos responsáveis do país quiseram tratar esta “gripezinha”, como se lhe referiu o próprio Presidente da República.
De facto, Jair Bolsonaro sempre desvalorizou a pandemia, ao mesmo tempo que sempre procurou reforçar o seu projecto de poder populista e autoritário, com que ultrapassa a lei, os princípios democráticos e o bom senso. O homem parece delirar e procura inspiração no rei Luis XIV que, em finais do século XVII, afirmou que “L´Etat c´est moi”. Pois Bolsonaro já no ano passado, imitando o Rei Sol, gritou que “eu sou a Constituição”. Agora, num novo registo de autoritarismo, decidiu interferir na Petrobras para servir a sua clientela, quebrando a confiança dos agentes económicos e descredibilizando o país junto dos mercados internacionais. O ridículo cobriu-o completamente quando gritou: “Eu sou o Estado”.
Na sua mais recente edição a revista paulista IstoÉ apresenta Bolsonaro como um vulgar rambo, denunciando o seu comportamento e os seus propósitos para concretizar um projecto de poder pessoal autoritário. Porém, a gravidade da crise sanitária, não parece levantar qualquer tipo de preocupação ao Jair.