No Memorando de Entendimento assinado
no dia 17 de Maio de 2011 entre o governo português e a troika, estava incluída a privatização dos Correios de Portugal,
vulgarmente conhecidos pela sua histórica sigla: CTT. Sempre me pareceu um
exagero, até porque a receita proveniente da sua venda não tem qualquer
significado na amortização da nossa dívida pública. Passou-se o mesmo com a EDP
e com a ANA. Mas há dois anos, vivíamos em situação de aperto financeiro, os especuladores cercavam-nos e até
poderia ter sido um compromisso aceitável.
Porém, os tempos mudaram e o governo
até já anunciou que “chegou o momento do
investimento”. Sendo assim, o processo de privatização dos CTT não faz
sentido nenhum, porque a sua venda é, objectivamente, um desinvestimento, como já evidenciou o recente encerramento de 124 das suas estações. Apesar da tendência europeia para a
privatização dos correios e para a liberalização total do sector postal, os CTT
não são uma empresa qualquer, pois são um instrumento de coesão social e
territorial que atenua a desertificação do interior e serve populações
carenciadas, para além de terem um historial centenário e serem reconhecidos
como um dos melhores operadores mundiais. Acontece, ainda, que nos últimos anos
os CTT têm rendido ao Estado dividendos superiores a 50 milhões de euros anuais,
ou seja, a empresa não é deficitária e contribui de forma significativa para a
receita pública. Então, porquê vendê-la? Por este andar e com esta teimosia
privatizadora, ainda acabam a vender as Berlengas, a Torre de Belém ou a ilha do Corvo.