No dia em que a
imprensa brasileira anuncia o impressionante número de 3.251 mortos por covid-19 nas últimas 24 horas e em que
se escreve que o Brasil é o país do mundo onde mais se morre devido à pandemia,
a revista veja classifica o país como doente
e mais pobre.
Embora essa possa ser a realidade brasileira, não se pode
ignorar que essa é também a situação que se verifica em quase todo o mundo,
pois a pandemia chegou a todo o lado, matou muitos milhares de pessoas, tem
feito grandes estragos nas economias e tem feito aumentar a fome e a pobreza. Porém,
os brasileiros não estão insatisfeitos apenas com o número de mortes causados
por uma pandemia que o próprio Presidente da República ridiculariza e com a
contínua desvalorização do real em relação ao dólar, a denunciar a grave
deterioração de uma economia onde não há investimento, em que aumenta o
desemprego e em que há sérias quebras na produção e nas exportações.
Os
brasileiros sentem que este quadro de crise se agrava com a generalizada sensação de
descontrolo das instituições brasileiras, nomeadamente as instâncias políticas
e judiciais, como veio mostrar a recente decisão do Supremo Tribunal Federal ao declarar
que o Juiz Sérgio Moro não foi imparcial no julgamento de um antigo Presidente
da República e que, depois, foi premiado por Jair Bolsonaro com o cargo de
Ministro da Justiça. Esse triste episódio da história recente do Brasil mostra
que o país está mesmo muito doente e à deriva, como insinua a ilustração da capa
da revista veja que mostra uma esfarrapada bandeira nacional brasileira. É
seguramente um caso de comunicação em que uma imagem, aquela imagem, vale mais
que mil palavras.