quarta-feira, 24 de março de 2021

Uma imagem vale mais que mil palavras

No dia em que a imprensa brasileira anuncia o impressionante número de 3.251 mortos por covid-19 nas últimas 24 horas e em que se escreve que o Brasil é o país do mundo onde mais se morre devido à pandemia, a revista veja classifica o país como doente e mais pobre.
Embora essa possa ser a realidade brasileira, não se pode ignorar que essa é também a situação que se verifica em quase todo o mundo, pois a pandemia chegou a todo o lado, matou muitos milhares de pessoas, tem feito grandes estragos nas economias e tem feito aumentar a fome e a pobreza. Porém, os brasileiros não estão insatisfeitos apenas com o número de mortes causados por uma pandemia que o próprio Presidente da República ridiculariza e com a contínua desvalorização do real em relação ao dólar, a denunciar a grave deterioração de uma economia onde não há investimento, em que aumenta o desemprego e em que há sérias quebras na produção e nas exportações. 
Os brasileiros sentem que este quadro de crise se agrava com a generalizada sensação de descontrolo das instituições brasileiras, nomeadamente as instâncias políticas e judiciais, como veio mostrar a recente decisão do Supremo Tribunal Federal ao declarar que o Juiz Sérgio Moro não foi imparcial no julgamento de um antigo Presidente da República e que, depois, foi premiado por Jair Bolsonaro com o cargo de Ministro da Justiça. Esse triste episódio da história recente do Brasil mostra que o país está mesmo muito doente e à deriva, como insinua a ilustração da capa da revista veja que mostra uma esfarrapada bandeira nacional brasileira. É seguramente um caso de comunicação em que uma imagem, aquela imagem, vale mais que mil palavras.

O inominável e cretino Jair Bolsonaro

A situação sanitária no Brasil continua a agravar-se e, cada vez mais, os brasileiros acusam Jair Bolsonaro pela forma irresponsável, incompetente e mentirosa como tem gerido a crise pandémica. Até há pouco tempo ele ainda suscitava o apoio de boa parte da sociedade brasileira e até era o favorito para as próximas eleições presidenciais de 2022, mas o agravamento da pandemia fez cair os seus índices de popularidade e, segundo as sondagens conhecidas, já são 56% os brasileiros que o consideram incapaz de liderar o país e são 54% os que consideram a sua actuação em relação ao controlo da pandemia foi muito má. A bandeira contra a corrupção, que ergueu durante a campanha eleitoral, há muito que foi esquecida e a distribuição de cargos entre familiares e amigos parece ter atingido níveis impensáveis. Além disso, o cenário do regresso de Lula da Silva à vida social e, possivelmente à vida política, desfavorece e enfraquece Bolsonaro, que está com a sua liderança ameaçada e a perder a sua sustentação política. 
Neste quadro desolador, o número de óbitos continua a aumentar e o Brasil tornou-se o centro global do covid-19, enquanto meio mundo impede a entrada de brasileiros tratados como factores de contágio. É o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil, mas Jair Bolsonaro continua a apoiar aqueles que lutam contra o confinamento, a negar as evidências científicas e a fazer declarações absurdas. A opinião pública e a imprensa ridicularizam Bolsonaro e tratam-no como cretino, ignóbil, repugnante, canalha, deplorável, patife, ordinário, mesquinho, reles, pulha, velhaco, abominável, detestável, infame, bandalho, ignorante, vil, cafajeste, inculto, boçal, estúpido, rude, maldito, desgraçado, burro, incapaz, idiota, desumano, malfeitor, parvo e muito mais. Isso não teria qualquer importância se ele não fosse o presidente de um grande país que é a República Federativa do Brasil.