quinta-feira, 15 de maio de 2025

Genocídio em Gaza e o silêncio do mundo

Na sequência do condenável ataque do Hamas contra cidadãos israelitas acontecido no dia 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1200 mortos e 250 reféns, a retaliação israelita contra a Faixa de Gaza tem sido desproporcionada, provocou mais de 52.900 mortos e causou a destruição de grande parte das infraestruturas do território onde vivem 2,4 milhões de pessoas. O mundo, especialmente a Europa, tem assistido a esta catástrofe com demasiada indiferença, ou mesmo com indisfarçada cumplicidade.
A imprensa ignora ou desvaloriza a catástrofe que está a atingir o povo da Palestina e uma excepção é a reportagem na edição de hoje do jornal católico francês La Croix.
Com a falsa narrativa da libertação dos reféns, os extremistas israelitas têm conduzido uma operação de extermínio dos palestinianos e de destruição de Gaza, que envergonha o mundo, viola os direitos humanos e é um crime contra a Humanidade. A intenção de exterminar o povo palestiniano e de transformar o território de Gaza na Riviera do Médio Oriente, como anunciou Donald Trump, tem sido seguida pelo tirano Benjamin Netanyahu. Em paralelo, desde o dia 2 de março que os israelitas bloquearam a entrada da ajuda humanitária para vergar os palestinianos pela fome, sendo já reportadas situações de fome catastrófica, de subnutrição aguda, de doença e de morte. Há apenas dois dias, Netanyahu afirmou que o exército israelita vai entrar em Gaza nos próximos dias “com toda a força para completar a operação e derrotar o Hamas" e disse não ver qualquer cenário em que possa parar a guerra.
Finalmente, o presidente Emmanuel Macron veio dizer que o bloqueio de ajuda humanitária ao enclave palestiniano é "vergonhoso" e que a União Europeia precisa repensar a associação com Israel. Macron falou tarde e a más horas, mas devem lágrimas de crocodilo.
Neste pequenino Portugal, os nossos dirigentes estão calados. Que tristeza!

Não haverá “rendez-vous” em Istambul

Depois de mais de três anos de guerra, está previsto para hoje em Istambul, um encontro directo entre russos e ucranianos, o que é uma boa notícia para aqueles que defendem uma solução pacífica e negociada para um conflito que muito tem sacrificado o povo ucraniano, a principal vítima da cegueira política de muitos dirigentes daquela região e do mundo. O tema é melindroso – rivalidades históricas, provocações, feridas de guerra, cessar-fogo, paz – mas as duas partes conhecem-se bem e podem ir directamente ao assunto. 
Havia a expectativa de Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky se encontrarem frente-a-frente, mas nas últimas horas foi anunciado que Putin não iria falar com Zelensky e o “rendez-vous d’Istambul”, que hoje era anunciado pelo jornal francês La Dépêche du Midi, não se irá realizar, o que até pode facilitar o arranque do processo.
Tanto Donald Trump como Recep Tayyip Erdogan investiram muito neste encontro e estarão atentos ao que se vai passar, porque “é inútil prolongar a matança”, enquanto os líderes europeus estarão mais uma vez a fazer um papel de actores secundários neste drama. O verdadeiro objectivo de todos estes líderes não é a protecção do povo ucraniano, mas tão só a satisfação dos seus interesses nacionais, ou mesmo pessoais, como se vê com a ultrapassagem que Donald Trump fez aos europeus que, nesta matéria, têm sido incompetentes e pouco inteligentes, como têm mostrado Boris Johnson, Jens Stoltemberg, Ursula von der Leyen, ou essa nova estrela do belicismo que é o luterano Mark Rutte.
No encontro de hoje em Istambul não surgirão quaisquer conclusões, mas é um importante primeiro encontro das duas partes para, passo a passo e cara a cara, caminharem para o entendimento, a pacificação e a reconciliação.
Um dia, libertado da propaganda e na posse da verdade histórica, o sacrificado povo ucraniano saberá quem o empurrou para a tragédia que está a viver.