domingo, 14 de junho de 2020

António Guterres luta entre dois fogos


Não é costume que a fotografia do Secretário-Geral das Nações Unidas apareça nas primeiras páginas dos jornais, mas a edição de hoje do Tehran Times destaca António Guterres, criticando-o por estar alinhado com as posições dos Estados Unidos e da Arábia Saudita no que respeita às sanções decretadas contra o regime de Teerão. As consequências económicas dessas sanções adoptadas em 2006 pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para travar o programa nuclear iraniano e em especial o programa de enriquecimento de urânio, foram muito duras para o regime. Segundo refere o jornal, a Resolução nº 2231 (2015) do Conselho de Segurança das Nações Unidas de 20 de Julho de 2015, determinou o levantamento das sanções económicas e financeiras impostas ao Irão, na sequência das verificações feitas pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) relativas ao programa nuclear iraniano.
Porém, as Nações Unidas ficaram com a obrigação de monitorizar o programa nuclear iraniano, sendo essa avaliação objecto de um relatório preparado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas e é esse relatório que as autoridades iranianas contestam e consideram defeituoso, pois na sua opinião dão cobertura às posições americanas e sauditas que pretendem impedir o levantamento das sanções contra o Irão e, em especial, manter as restrições à compra de armamento.
O assunto é antigo e complexo e daí que as Nações Unidas e o seu Secretário-Geral estejam “entre dois fogos”, em que cada um actua segundo os seus interesses e em que as Resoluções do Conselho de Segurança apenas são importantes quando servem os interesses e as estratégias de um ou outro lado.